sexta-feira, 17 de janeiro de 2014
Negócio Fechado!
Quando Marita tinha treze anos, as meninas usavam camisetas tingidas e jeans rasgados. Embora tivesse crescido durante a Depressão e não tivesse dinheiro para roupas, eu nunca havia me vestido de forma tão desleixada. Um dia, vi Marita na rua esfregando a bainha de seus jeans novos com poeira e pedras. Fiquei furiosa quando a vi estragando as calças que eu havia acabado de pagar e corri para lhe dizer isso. Ela continuou a triturar as calças enquanto eu recomeçava minha novela de privações da infância. Quando terminei, sem conseguir levá-la às lagrimas de arrependimento, perguntei por que ela estava arruinando seus jeans novos. Ela respondeu sem me olhar:
- Não se pode usar jeans novos.
- Por que não?
- Porque não, por isso estou esfregando para que pareçam velhos.
Uma total falta de lógica! Como poderia ser moda estragar roupas novas?
Todas as manhãs, quando ela saía de casa para a escola, eu olhava para ela e suspirava:
- Minha filha, com essa aparência.
Lá estava ela com a velha camisa do pai, tingida com grandes manchas e tiras azuis. Perfeita para pano de chão, pensei. E os jeans – tão baixos que eu temia que se ela respirasse fundo eles desceriam de seu traseiro. Mas para onde eles iriam? Eram tão justos e duros que não poderiam se mover. As bainhas, com a ajuda das pedras, tinham fios que se arrastavam atrás dela à medida que andava.
Um dia, depois que ela saiu para a escola, foi como se Deus chamasse minha atenção e dissesse:
- Você percebe quais são suas ultimas palavras a Marita todas as manhãs? "Minha filha, com essa aparência." Quando ela chega à escola e seus amigos falam de suas mães antiquadas que reclamam o tempo todo, ela terá seus comentários constantes para contribuir. Você já olhou para as outras garotas da classe dela? Por que você não dá uma olhada?
Naquele dia, fui buscá-la na escola e observei que muitas das outras meninas tinham uma aparência ainda pior. No caminho para casa, mencionei minha reação exagerada aos seus jeans arruinados. Assumi um compromisso:
- De agora em diante, você pode usar o que quiser para ir à escola e sair com seus amigos; e eu não vou mais importuná-la.
- Será um alívio.
- Mas quando você for comigo à igreja ou ao shopping ou à casa de meus amigos, gostaria que se vestisse do jeito que você sabe que eu gosto sem precisar dizer uma palavra.
Ela pensou no acordo.
Então acrescentei:
- Isso significa 95% do seu jeito e 5% do meu. O que você acha?
Seus olhos brilharam e ela estendeu sua mão e apertou a minha.
- Negócio fechado!
Daquele dia em diante, passei a despedir-me dela alegremente pela manhã, sem importuná-la a respeito de suas roupas. Quando saíamos juntas, ela se vestia adequadamente, sem estardalhaço. Negócio fechado!
Florence Littauer, Do livro: Canja de Galinha para a Alma
***
Um negócio só é bom quando é ganha-ganha
Apesar de a frase acima ser quase um lugar-comum, ele deve ser a premissa de qualquer negociação. e negociamos muito mais que imaginamos: estamos em constante batalha por aquilo que gostamos ou que achamos certo e, assim, negociamos com nossos subordinados, com nossa chefia, com nossos clientes, parceiros e amigos. Assim também negociamos com namorada(o), esposa(o), filhos e pais.
No entanto, muitas vezes acabamos sendo egoístas - até mesmo sem perceber - pois não entramos no universo daquele com quem negociamos para, de fato, termos parcimônia e imparcialidade.
Toda negociação deve prevalecer a divisão de benefícios numa cota de 50-50%. Esse é o ideal. E se alguém deve sair com uma cota menor de benefício, que seja a pessoa que está propondo.
Assim como a mãe que negociou com a filha o como ela quer ver a moça vestida, precisamos a cada tentativa de conquistar algo de ou com alguém, dar condicões equalitárias ou mais benéficas à outra pessoa.
E assim, fazemos as duas partes satisfeitas!
Tenha um excelente final de semana.
Abraços sustentáveis,
MARCIO ZEPPELINI
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