sexta-feira, 1 de agosto de 2008
"O SILÊNCIO”
Nós os índios, conhecemos o silêncio. Não temos medo dele. Na verdade, para nós ele é mais poderoso do que as palavras.
Nossos ancestrais foram educados nas maneiras do silencio e eles nos transmitiram esse conhecimento, “observa, escuta, e logo atua”, nos diziam. Esta é a maneira correta de viver.
Observa os animais para ver como cuidam de seus filhotes.
Observa os anciões para ver como se comportam.
Observa o homem branco para ver o que querem, sempre observa primeiro, com o coração e a mente quietos, e então aprenderás.
Quanto tiveres observado o suficiente, então poderás atuar.
Com vocês, brancos e pretos, é o contrário, vocês aprendem falando. Dão prêmios às crianças que falam mais na escola. Em suas festas, todos tratam de falar.
No trabalho estão sempre tendo reuniões nas quais todos interrompem a todos, e todos falam cinco, dez, cem vezes. E chamam isso de “resolver um problema”.
Quando estão numa habitação e há silêncio, ficam nervosos. Precisam preencher o espaço com sons. Então, falam compulsivamente, mesmo antes de saber o que vão dizer. Vocês gostam de discutir, nem sequer permitem que o outro termine uma frase, sempre interrompem.
Para nós isso é muito desrespeitoso e muito estúpido, inclusive, se começas a falar, eu não vou te interromper, te escutarei. Talvez deixe de escutá-lo se não gostar do que estás dizendo, mas não vou te interromper.
Quando terminares, tomarei minha decisão sobre o que disseste, mas não te direi se não estou de acordo, a menos que seja importante. Do contrário, simplesmente ficarei calado e me afastarei.
Terás dito o que preciso saber. Não há mais nada a dizer, mas isso não é suficiente para a maioria de vocês. Deveríamos pensar nas suas palavras como se fossem sementes.
Deveriam plantá-las e permiti-las crescer em silêncio. Nossos ancestrais nos ensinaram que a terra está sempre nos falando, e que devemos ficar em silêncio para escutá-la.
Existem muitas vozes além das nossas. Muitas vozes, só vão escutá-las em silêncio.
Texto traduzido por Leela, Porto Alegre: “Neither Wolf nor Dog. On Forgotten Roads with na Indian Elder” - Kent Nerburn. (Tradução: “Nem lobo nem cão. Em estradas esquecidas com a pessoa idosa índia”).
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário