quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Artigo_ Como tornar a demissão menos traumática

* Hélio Rangel Terra, formado em Ciências Contábeis com pós-graduação em Harvard. Há momentos em que reestruturações nas empresas são inevitáveis, e provocam demissões. Com os problemas de crédito gerados pela crise financeira que abala o mundo, muitas empresas têm de demitir para sobreviver e continuar operando. É nessa hora que a área de Gestão de Pessoas assume mais uma de suas importantes funções: gerenciar o processo de desligamento de profissionais. Embora possa parecer simples, se analisado à distância, vivenciar esse processo é algo que exige energia e dedicação sem limites, além das habilidades e conhecimentos estratégicos. Quantos executivos já passaram noites em claro ao saber que teriam de demitir pessoas de suas equipes e não terem a menor idéia de como começar? Pesquisas revelam que a perda do emprego é dor comparada apenas à perda de um ente querido ou à de uma separação conjugal. Por isso, cabe ao gestor o cuidado necessário para tornar esse momento menos difícil, tanto para a empresa quanto para o profissional. Mas, como fazê-lo? Como amenizar uma dor que é inevitável? E mais: como passar tranqüilidade e segurança ao profissional quando o próprio gestor pode estar aflito, confuso e até mesmo inseguro? Parece impossível, mas há sim algumas medidas que podem ajudar a tornar as demissões menos traumáticas, além de proteger a imagem interna e externa da empresa. A mais comum é oferecer pacotes de benefícios diferenciados aos ex-colaboradores, garantindo seu bem-estar num período subseqüente à demissão. Por isso, algumas empresas optam por estender o tempo do seguro saúde ao ex-funcionário e sua família, ou do seguro de vida; outras pagam mais salários além do que ele teria direito no desligamento; e muitas, além de oferecer esse pacote de benefícios, passaram a incluir nele o outplacement, uma assessoria personalizada para ajudar o profissional na transição de carreira. O outplacement, que até pouco tempo não era muito conhecido no País, hoje já é parte do pacote de benefícios de muitas empresas devido a sua boa aceitação no mundo corporativo. Ele consiste na velha história de “em vez de dar o peixe, ensinar a pescar”, pois oferece ao profissional a oportunidade de fazer uma análise de sua vida profissional e definir seu novo plano de carreira, que pode incluir desde a assessoria para a busca de um novo emprego ou a orientação para se tornar um consultor, ou até mesmo para a abertura de um negócio próprio. Um estudo recente mostrou que o outplacement é o segundo benefício mais bem aceito pelos profissionais, ficando abaixo apenas da assistência médica estendida. O programa funciona como uma ferramenta para amenizar a sensação de perda, pois o profissional percebe que a empresa demonstra reconhecimento pelo serviço que ele prestou e se preocupa com seu futuro. Nessa parceria, os dois lados saem ganhando: o profissional, porque terá o apoio psicológico e a assistência necessária para superar a perda do emprego e buscar a recolocação; a empresa, por poder contar com a gratidão e a admiração de seu ex-colaborador, que por sua vez fará a boa publicidade da empresa. Além disso, ela corre menos riscos de responder por processos trabalhistas, garante a estabilidade do clima interno e a motivação dos empregados remanescentes, além de prevenir os riscos de sabotagem e manter a produtividade. Afinal, a empresa de sucesso, que age com responsabilidade social, não é apenas aquela que sabe contratar e reter seus talentos, mas também a que respeita seus colaboradores, até mesmo na hora do desligamento.

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