sábado, 30 de maio de 2009
Desvantagens por trabalhar demais
"As desvantagens das horas extras devem ser levadas a sério", afirmou Marianna Virtanen, que liderou a pesquisa do Instituto Finlandês de Saúde Ocupacional.
Os funcionários públicos que faziam mais horas extras tiveram pontuações menores em dois dos cinco testes, que avaliavam raciocínio e vocabulário. Os efeitos foram cumulativos, pois, quanto mais longa a semana de trabalho, piores eram os resultados nos testes.
Cary Cooper, especialista em estresse no local de trabalho na Universidade de Lancaster, Grã-Bretanha, afirmou que já se sabe há algum tempo que trabalhar em excesso de forma regular pode prejudicar a saúde em geral, e agora este estudo sugere que também pode haver danos ao funcionamento mental. O que se pode concluir dessas duas pesquisas é: não fazer nada ou fazer muito é igualmente prejudicial. Portanto, o bom senso sugere que se deve fazer algumas coisas, mas não todas as coisas. Salvo melhor juízo.
Considerações importantes:
O processo do estresse envolve o organismo todo, o qual assume uma certa postura diante dos estímulos proporcionados pela vida. Já dizia Shakespeare, "as coisas raramente são boas ou más, nosso pensamento é que as faz assim".
Assim sendo, a ordem para desencadearmos o estresse é sempre determinada por razões subjetivas e pessoais. O estresse começa quando nós percebe-mos ou entendemos uma situação, pessoa, acontecimento ou objeto como sendo um Fator Estressante, de acordo com nossa interpretação subjetiva.
Para que ocorra qualquer tipo ou forma de estresse são necessárias duas condições; as disposições pessoais do portador do estresse e as circunstâncias favorecedoras ou agentes ocasionais. Sobre a disposição pessoal, podemos dizer que sem ela os agentes (estressores) ocasionais não seriam capazes, por si só, de produzir a reação de estresse.
Mas, além das disposições pessoais e dos agentes ocasionais há que ser considerado também a qualidade psíquica atual da pessoa que se estressa, falaremos também das circunstâncias emocionais atuais. Vamos ver cada uma dessas causas, começando pelos dois tipos de causas internas; as Disposições Pessoais e as Condições Psíquicas Atuais.
O termo Disposição Pessoal se refere ao tipo de disposição com que a pessoa irá contactar a realidade. Não é possível falar disso sem comentar alguma coisa sobre a Personalidade, já que essa Disposição Pessoal está intimamente atrelada à características da personalidade.
Outra motivação interna para o estresse são as Condições Emocionais Atuais. As Condições Emocionais Atuais refletem a tonalidade afetiva atual do momento (ou desta fase da vida), enquanto as Disposições Pessoais refletem o perfil afetivo da personalidade. É evidente que uma pessoa, ainda que não tenha traços tão marcantes de ansiedade, terá mais facilidade de estressar-se caso esteja passando por uma fase, por exemplo, de doença grave, depois de ter perdido um ente querido, durante uma grande crise conjugal, econômica ou profissional e assim por diante.
Conseqüência pessoal
Em tese, qualquer tipo de doença psicossomática pode se manifestar no paciente ansioso e estressado. Além disso, do ponto de vista emocional o estresse está intimamente relacionado à Depressão, à Síndrome do Pânico, aos Transtornos da Ansiedade e às Fobias. Isso tudo sem contar uma vasta lista de sintomas (não doenças) que acompanham o paciente estressado.
Lista 1 - SINTOMAS POSSÍVEIS NA DEPRESSÃO
Dores sem causa física: cabeça, abdominais, pernas, costas, peito e outras vagas
Alterações do sono: insônia ou sonolência excessiva
Perda de energia: desânimo, desinteresse, apatia, fadiga fácil
Irritabilidade: perda de paciência, explosividade, inquietação
Ansiedade: apreensão contínua, inquietação, às vezes medo inespecífico
Baixo desempenho: alterações sexuais, memória, concentração, decisões;
Lista 2 - SINTOMAS AGRAVADOS OU DETERMINADOS PELAS EMOÇÕES
Cardiologia: Palpitações, arritmias, taquicardias, dor no peito
Gastroenterologia: Cólicas abdominais, epigastralgia, constipação e diarréia
Neurologia: Anestesias, formigamentos, cefaléia, alterações sensoriais
Otorrino: Vertigens, tonturas, zumbidos
Clínica Geral: Falta de ar, bolo na garganta, desmaio, fraqueza, alterações do apetite
Ginecologia: Cólicas pélvicas, dor na relação, alterações menstruais
Ortopedia: Lombalgias, artralgias, cervicalgias, dor na nuca
Psiquiatria: Irritabilidade, alterações do sono (demais ou de menos), angústia, tristeza, medo, insegurança, tendência a ficar em casa, pensamentos ruins
Queixas vagas: tonturas, zumbidos, palpitações, falta de ar, bolo na garganta;
Lista 3 - DOENÇAS PSICOSSOMÁTICAS (agravadas pelas emoções)
Cardiologia: Hipertensão arterial, insuficiência cardíaca, arritmias...
Gastroenterologia: Doença de Crown, polipose, diverticulose, insuficiência hepática...
Neurologia: Enxaqueca, seqüelas de AVC, hidrocefalias, epilepsia...
Otorrino: Labirintopatias, síndromes vertiginosas, zumbidos...
Endocrinologia: Diabetes, insuficiência supra-renal, Cushing não iatrogênica, hiper ou hipo tiroidismo...
Ginecologia: Endometriose, esterilidade, insuficiência ovariana...
Ortopedia: Lombalgias, ostofitose, osteoartrose..
Clínica Geral: Reumatismos, Lupus, doença de Reynauld, imunopatias...
Conseqüência aos demais
As conseqüências do estresse, porém, não se limitam ao próprio indivíduo estressado. Numa comunidade relativamente fechada, como é o trabalho ou o lar, pode ocorrer o fenômeno da "contaminação" emocional. Isso acontece com um pouco de maior freqüência no lar que no trabalho. Através da contaminação emocional os circundantes passam a sentir-se ansiosos devido a ansiedade do paciente. Isso acontece também em relação à irritabilidade, depressão e mau humor.
O estressado muitas vezes se comporta como o ditado, segundo o qual, "o condenado se consola na dor do semelhante". Isso significa que muitas vezes ele quer cúmplices para seu mau estar. Assim sendo ele passa a ser mais exigente com as pessoas mais próximas. O excesso de tensão também pode comprometer a comunicação, quando as mensagens não são transmitidas integralmente por falta de paciência ou tolerância. Parece que o estressado cobra ser compreendido por seus próximos além da capacidade deles entendê-lo.
Há ainda, e sobretudo, a perda da qualidade no ambiente de trabalho por parte de quem está estressado. O bom senso e a tolerância são profundamente comprometidos e provocar demissões (seja pedindo ou facilitando para recebê-la) indevidas.
A convivência com o estressado fica, assim, seriamente comprometida; tanto no lar quanto no emprego. Essa é a conseqüência de quem esgotou sua capacidade de adaptação e, conseqüentemente sua tolerância, paciência, interesse, bom senso, determinação, persistência e a maioria dos atributos conquistados através de árduo aprendizado.
Nota: Ballone, Moura.
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