Há muitos séculos atrás, um homem foi nomeado mandarim, uma espécie de conselheiro na China. Envaidecido com a nova posição, pensou em mandar confeccionar roupas novas. Agora, seria um grande homem, uma pessoa muito importante. Um amigo lhe recomendou que buscasse um velho sábio, um alfaiate especial, que sabia dar a cada cliente o corte perfeito.
Depois de cuidadosamente anotar todas as medidas do novo mandarim, o alfaiate lhe perguntou há quanto tempo ele era mandarim. A informação era importante para que ele pudesse dar o talhe perfeito à roupa.
- Ora, perguntou o cliente, o que isso tem a ver com a medida do meu manto?
Paciente, o alfaiate explicou:- A informação é preciosa. É que um mandarim recém-nomeado fica tão deslumbrado com o cargo que anda com o nariz erguido, a cabeça levantada. Nesse caso, preciso fazer a parte da frente maior que a de trás. Depois de alguns anos, está ocupado com seu trabalho e os transtornos advindos de sua experiência. Torna-se sensato e olha para diante para ver o que vem em sua direção e o que precisa ser feito em seguida. Para esse, costuro um manto de modo que fiquem igualadas as partes da frente e a de trás. Mais tarde, sob o peso dos anos, o corpo está curvado pela idade e pelos trabalhos exaustivos, sem falar na humildade que adquiriu pela vida de esforços. É o momento de eu fazer o manto com a parte de trás mais longa. Portanto, preciso saber há quanto tempo o senhor está no cargo, para que a roupa lhe assente perfeitamente.
O homem saiu da loja, pensando muito mais nos motivos que levaram seu amigo a lhe indicar aquele sábio alfaiate, e menos no manto que viera encomendar.
“O orgulho do saber é talvez mais odioso que o do poder”. (Marquês de Maricá)
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