As principais considerações dos artigos de revisão publicados pelo The Lancet são:
Nutrição e AVC
Ao longo das últimas décadas, o aumento global na incidência de AVC tem relação com mudanças no estilo de vida, que precisam ser combatidas se quisermos reduzir a ocorrência desta patologia. Evidências ligando aspectos da nutrição ao acidente vascular cerebral foram objeto de uma revisão abrangente realizada por Graeme Hankey. Existem relações claras entre a má nutrição e o aumento no risco de derrame.
Subnutrição no útero materno, má nutrição no primeiro ano da vida, na infância e na idade adulta predispõem ao AVC na vida adulta. O mecanismo que explica este maior risco ainda não está claro. A supernutrição também aumenta o risco de derrame, provavelmente por acelerar o desenvolvimento da obesidade,hipertensão arterial, hiperlipidemia e diabetes mellitus.
Evidências confiáveis sugerem que a suplementação dietética com vitaminas antioxidantes, vitaminas do complexo B e cálcio não reduz o risco de AVC. Evidências menos confiáveis sugerem que o AVC pode ser prevenido por dietas como a Dieta Mediterrânea ou a dieta DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension), as quais são pobres em sal e açúcares, ricas em potássio e não excedem calorias. Ensaios em andamento estão examinando os efeitos da suplementação de vitamina D e do ômega-3 sobre a incidência de derrame.
Um exemplo de uma estratégia potencial de prevenção na população em geral é a redução do consumo de sal, o que parece reduzir o número anual de novos casos de AVC. No entanto, evidências mais contundentes são necessárias para entender os efeitos específicos de vários nutrientes, alimentos e padrões dietéticos sobre o risco de AVC, de modo a preparar intervenções apropriadas para a redução do risco da doença.
Risco de AVC em mulheres: o papel da menopausa e da terapia hormonal
Lisabeth Lynda Cheryl Bushnell e colaboradores revisaram os efeitos da menopausa e da terapia de reposição hormonal sobre o risco de acidente vascular cerebral.
Embora as mulheres tenham um menor risco de acidente vascular cerebral durante a meia idade, quando comparadas aos homens, a menopausa é um período em que muitas delas desenvolvem fatores de risco cardiovasculares. Além disso, durante os dez anos após a menopausa, o risco de AVC praticamente dobra em mulheres. O declínio de cerca de 60% nas concentrações do estrógeno endógeno durante este período, levando a um excesso relativo de andrógenos, poderia contribuir para o aumento dos fatores de risco cardiovasculares. O início mais precoce da menopausa pode afetar o risco de derrame, mas os dados ainda não são claros.
Por causa do risco de AVC associado à terapia hormonal, ela é recomendada apenas para o tratamento desintomas vasomotores e algumas formulações podem ser mais seguras do que outras. Novas pesquisas são necessárias para entender quais as mulheres que estão em maior risco de AVC durante a meia-idade e identificar os hormônios mais seguros, a dose e a duração ideais da terapia hormonal para cada mulher.
Enxaqueca e AVC: uma associação complexa, com implicações clínicas
Marie-Germaine Bousser e colegas revisaram a complexa relação entre enxaqueca, risco de acidente vascular cerebral isquêmico e suas implicações diagnósticas e terapêuticas. Como ressaltam os autores, se aenxaqueca com aura está relacionada a um aumento no risco de AVC, seu mecanismo fisiopatológico ainda continua a ser estudado e precisa ser determinado.
Enxaqueca e AVC são duas doenças comuns com relações neurovasculares heterogêneas e complexas. Os dados não mostram associação entre derrame e enxaqueca sem aura, de longe o tipo mais comum deenxaqueca, mas mostram uma duplicação de risco de AVC isquêmico em pessoas que têm enxaqueca com aura. A aura pode ser desencadeada por vários fatores, incluindo doenças específicas que podem, por si só, aumentar o risco de AVC isquêmico.
Complicações da hemorragia intracerebral
Joyce Balami e Alastair Buchan avaliaram as abordagens de gestão na revisão que fizeram sobre ahemorragia intracerebral, o tipo mais grave de AVC. As estratégias basicamente procuram minimizar os danos do AVC e evitar as complicações, como pressão intracraniana elevada, convulsões e infecções. Em contraste com os avanços no tratamento do AVC isquêmico, muitos dos procedimentos ou estratégias de tratamento para o AVC hemorrágico ainda não foram testados em ensaios clínicos randomizados e evidências mais robustas são necessárias para fundamentar recomendações mais confiáveis.
Estes artigos de revisão publicados pelo The Lancet apontam tanto avanços no estudo do AVC quanto a necessidade de evidências mais fortes a serem alcançadas através de investigações epidemiológicas e ensaios clínicos sobre intervenções terapêuticas.
NEWS.MED.BR, 2011. Acidente vascular cerebral: quatro artigos de revisão publicados pelo periódico The Lancet. Disponível em: . Acesso em: 17 dez. 2011.
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