A medida que as pesquisas podem ser válidas nesse campo, podemos aceitar que a infidelidade conjugal é um fato amplamente difundido.
Os homens buscam sexo, e as mulheres, experiências, segundo uma pesquisa de Sigma Dos.
O adultério costuma parecer, para quem o inicia e para quem o permite, como que uma "aventura" de certa fascinação. Em muitas ocasiões , para os que o vêem de longe, ele vem a representar uma "comédia". Contudo, em seu decorrer para os interessados e, em certa medida, para a sociedade, ele é um "drama".
Eis a seguir uma expressiva e profunda descrição do "DRAMA" do adultério:
O engano conjugal é uma odisséia impelida pela ânsia de possuir o inatingível, pelo prazer proibido. A trama incluiu encontros e separações apaixonantes, o medo de serem descobertos, o temor do castigo e da marginalização, o sentimento de culpa e o tormento de trair um ideal. Porque o adultério não tem uma identidade própria, mas depende da existência de um contrato social, de uma ordem estabelecida, que regula o que se pode unir e o que se deve manter separado, e implica a transgressão dessas normas e fronteiras.
As escapadas adulteras permitem experimentar um vivo mundo de sonhos e fantasias. Os amantes escolhem seu papel nesse drama e podem ser todos esses personagens para os quais seu matrimônio não tem lugar. A verdade ou os defeitos não precisam ser revelados.
O romance ilícito é um ato de imaginação exagerada, de idealização da pessoa desejada, no qual os atores projetam suas ilusões de perfeição um sobre o outro. E, enquanto a aventura é breve, essa enteléquia perdura.
Cada história de adultério é diferente. O começo é único; o argumento é original e, no final, imprevisível. Os protagonistas começam suas escapadas, pensando que podem controlar o resultado, mas frequentemente a experiencia pode mais que eles.
O homem, inclusive sendo o mais promíscuo dos sexos, costuma ser mais intolerante diante da infidelidade da esposa. A mulher, talvez por sua preferencia natural pela negociação ou, em muitos casos, consciente de sua falta de autonomia econômica está mais capacitada para distinguir entre um deslize passageiro de seu companheiro e um envolvimento sentimental.
Contudo, para o cônjuge burlado a infidelidade flagrante é sempre causa de confusão, de ressentimento, de humilhação e de desconsolo, ao passo que para o matrimônio é o elemento mais definitivo e frequente de ruptura, como recentemente demonstrou a antropóloga Laura Betzig em um estudo de 160 sociedades.
O adultério representa um drama clandestino e perigoso, com regras secretas próprias. Durante séculos ele seduziu homens e mulheres com a promessa de uma paixão, ao mesmo tempo sublime e aterradora.
Estamos diante de um fato comovedor, que trata do amor e da traição do amor, diante de um paradoxo que, no fundo, celebra o que destrói.
A análise de suas causas e consequências e a aceitação de sua ubiquidade em nossa cultura nos ajudam a compreender melhor a complexidade do ser humano, a inevitabilidade do conflito e as contínuas contradições da sociedade em que vivemos.
Referencias:
F.DUYCKAERTS, La formacion del vínculo sexual. Madrid, 1966.
M ORAISON, Armonia de la pareja humana. Madrid, 1967.
S. BOTERO, Hacia una nueva comprension de la castidad conyugal. Medelçlin, 1998.
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