Laura conheceu Bob aos 15 anos, ele com 17 anos – ambos adolescentes com o desenvolvimento evolutivo na segunda fase, na afirmação da sexualidade. Durante o namoro tiveram relacionamentos intimos e consequentemente uma gravidez indesejada que resultou num aborto espontâneo.
A decisão para que Laura e Bob se casassem partiu dos pais e não do casal. Bob não tinha prática religiosa, nem os sacramentos por causa dos pais terem fé diferente. Casaram-se no civil e seis anos após no religioso com o objetivo de batizar as filhas fruto dessa união.
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Segundo o relato, a decisão de que deveriam se casar foi tomada pelos pais dos jovens namorados. Percebe um discurso de representação moral, socialmente aprendida de culpa e vergonha, pelo fato da exposição da vida intima da jovem (gravidez + aborto). O jovem casal motivados pelos hormônios, agiram de acordo com as características próprias de adolescentes, na época, pessoas ainda em fase de desenvolvimento psicossocial e imaturas afetivamente.
O casal assumiu a responsabilidade de formarem um lar, sem antes terem feito uma análise e avaliado as consequências de suas escolhas. Posteriormente, este casamento que deveria ser monogâmico, veio sofrer turbulência pela infidelidade conjugal, por parte de Bob.
A infidelidade tem ramificações importantes no estudo do comportamento humano, o Homem (no sentido geral) já evoluiu muito para além da mera biologia e hoje o comportamento é analisado como um todo, nomeadamente quando nos centramos na fidelidade nas relações amorosas.
A ideia comum é de que, a monogamia é uma regra natural do casamento, ou de uma relação considerada não ocasional, é uma certeza que todos temos quando, durante a infância, adolescência e primeiros anos da vida adulta, imaginamos uma relação duradoura com alguém de quem gostamos. Aceitamos como uma certeza que o casamento será monógamo. No entanto, a realidade é outra. Até há 20 anos quase todos os divórcios tinham como causa a infidelidade.
Os motivos que levam a ter casos extraconjugais são mais complexos do que geralmente imaginamos. Quando existe uma satisfação plena dos cônjuges a nível sexual, as necessidades de cada um são valorizadas e atendidas, a monotonia consegue ser evitada, a cumplicidade, o respeito e o diálogo são uma constante.
Existem diferentes formas de conceber a infidelidade consoante o gênero e as características de personalidade de cada um. É menos comum do que se imagina, encontrar homens a viver casos extraconjugais que começaram simplesmente por não conseguir resistir a uma "tentação".
O senso comum mostra como homens e mulheres são diferentes no campo da monogamia, independentemente da época a que nos reportamos. Os homens classificam com maior frequência as suas relações extraconjugais como pouco importantes, na medida em que o sexo prevalece e não se estabelece uma relação de proximidade e afeto.
Dados estatísticos sobre a frequência da infidelidade, no entanto, mostram que cerca de metade das pessoas se envolvem em relações de infidelidade. No entanto, a fidelidade conjugal continua a ser a norma, na medida em que a maior parte dos parceiros é fiel. As razões para o aparecimento de uma terceira pessoa na relação são variadas.
A maioria relaciona-se diretamente com a satisfação de autoestima do que com as consequências diretas do estilo de relação no casamento. Não é invulgar a descrição de uma relação estável e gratificante no casamento (mesmo a nível sexual) e, ainda assim, o elemento infiel afirmar que, por natureza, precisava de outra pessoa para equilibrar a sua maneira de ser.
Há vários mitos que tentam justificar a prática da infidelidade.
1- O Mito: de que o novo companheiro é mais sexy. Depende do que o parceiro infiel procura na relação extraconjugal e do estilo de pessoa que é. Este mito decorre de uma realidade que existe e que é influenciada pelos valores transmitidos, por exemplo, pela publicidade, pelas novelas, etc. Mas também é verdade que o homem procura desde sempre a eterna juventude e, não podendo consegui-la para si, fá-lo através do contato com quem a tem.
2- O Mito: a culpa da infidelidade é do outro. A crença verbalizada de que foi o marido ou a mulher que empurraram o companheiro para a situação de infidelidade é geralmente aceite pelos dois. Se a situação parece duplamente absurda, pois ninguém obriga o outro a fazer aquilo que não quer, a verdade é que nela reside a ideia de que o casamento "terminou" no dia em que decidiram casar. Ou seja, a partir do momento em que dão o nó, ambos os elementos do casal não acham necessária criatividade nem conquista entre os dois. Vêm na sua relação um processo que tem como objetivo a manutenção de uma situação descrita pela palavra "casamento".
3- E por ultimo o mito: a única saída é o divórcio. Não necessariamente. Ultrapassar a situação da infidelidade relaciona-se com o tipo de personalidade de quem está envolvido. Geralmente, um casal em terapia não se divorcia em consequência direta da relação extraconjugal. Se o divórcio acontece, muitas vezes é porque aceitar falar da crise remete o casal para problemas pré-existentes que constituem a verdadeira razão para a separação.
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As causas do fracasso deste casamento foram a Infidelidade conjugal. Bob e Laura eram portadores de imaturidade psíquica no momento em que foi externado o consentimento para contrair as núpcias. Não foram aptos para analisar a consequência da escolha que foram de terceiros (dos pais).
A linha borderline deste casamento surge quando Bob na busca de realização de experiencias extras-conjugais como forma de compensação pela queima de etapa do desenvolvimento. Sua capacidade critica em avaliar as obrigações matrimoniais ficaram alienadas ao mito de que a infidelidade seria uma válvula de escape. O que agravou seu comportamento de esquiva da responsabilidade assumida, somando a atitudes inconsequentes.
O que infelizmente produziu relações negativas que os consumiram emocionalmente e que foram destruindo psicologicamente aos poucos a família.
Na atualidade Laura vive uma segunda união já há 11 anos e tem o desejo de regularizar sua situação. Bob nem quer ouvir falar de Laura. O que o incomoda profundamente.
Percebe-se em ambos feridas e mágoas profundas como saldo desta relação.
*Autora: Dainir Feguri
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