segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Programação CineSesc / Setembro

Em setembro, a programação do CineSesc Arsenal está imperdível, por isso tomo a liberdade em avisá-los com antecedência de todas as mostras e cursos interessantes que acontecerão lá neste mês. Aproveitem. Todas as atividades são gratuitas.

Toda terça-feira tem "Imagens em Pauta", sempre às 19:00.

01/09 - Simplesmente Alice (1990, Eua, 102’)
08/09 - Maridos e Esposas (1992, Eua, 108’)
15/09 - Tiros na Broadway (1994, Eua, 98’)
22/09 - Poderosa Afrodite (1995, Eua, 95’)
29/09 - Desconstruindo Harry (1997, Eua, 96’)
19h - Cinesesc - Entrada Franca - Classificação 14 Anos

A programação completa do Sesc Mato Grosso pode ser acessada no site:
www.sescmatogrosso.com.br
Mais informações: 3616 6941 (Juliana Curvo, técnica de cinema do Sesc Mato Grosso)

Diego Baraldi

domingo, 30 de agosto de 2009

Câncer e Emoção

É difícil que alguém esteja realmente preparado para o diagnóstico de câncer. Quando isso acontece a primeira atitude é de negação. É difícil alguém estar realmente preparado para o diagnóstico de câncer. Quando isso acontece a primeira atitude é de negação. Normalmente as pessoas custam muito a acreditar que aquele diagnóstico, culturalmente muito temido, esteja acontecendo exatamente com elas. Muito freqüentemente as pessoas duvidam que estejam lhes dizendo a verdade. É um momento de grande angústia, sensação de vazio e abandono, onde a introspecção proporciona uma revisão nos valores e na vida em geral, onde afloram lembranças de pessoas queridas ou conhecidas que, muito possivelmente serão deixadas para trás. Posteriormente surge o medo, medo de morrer, de deixar pessoas queridas, de abandonar projetos futuros. Há uma forte angústia diante da possibilidade da dependência dos outros, do sofrimento futuro, quer pela doença, quer pelas conseqüências do tratamento. Mas todos esses sentimentos devem ser reavaliado ou orientado por profissionais para minimizar os efeitos do preconceitos sobre as emoções. Em geral as pessoas acreditam que câncer é sinônimo de sofrimento e morte. É assim que o câncer e seus tratamentos constituem uma fonte de estresse, capaz de desencadear desordens de ajustamento nestes indivíduos problemas somáticos, psíquicos e sociais. Há trabalhos sobre o desenvolvimento de sintomas somáticos associados às preocupações emocionais e sociais relacionados à idéia do câncer, mais do que devidos ao câncer propriamente dito. No entando, estudos sobre os aspectos clínicos e terapêuticas referentes a 895 casos de câncer de língua tratados no Hospital do Câncer A.C. Camargo, mostram que as chances de cura para os pacientes atendidos na década de 80 foram 40% maiores do que as dos pacientes tratados nas décadas de 50 e 60. Isto significa que atualmente os pacientes podem esperar possibilidades de cura muito maiores do que no passado, principalmente em função dos significativos progressos científicos e tecnológicos que ocorreram nas áreas de cirurgia, radioterapia e quimioterapia.(Veja). A clínica comprova freqüentemente que as manifestações iniciais do câncer permanecem latentes, estacionárias por longo tempo, antes de manifestar-se morbidamente, dando oportunidade à intervenção terapêutica. As atuais possibilidades da medicina permitem afirmar que o câncer é curável, quando tratado no início. Por conta desse prognóstico progressivamente mais otimista os médicos devem se preocupar sempre em identificar e estimular condições que facilitem a adaptação de seus pacientes. Assim sendo, o tratamento psicológico, em pelo menos alguma extensão, será sempre benéfico. É muito importante deixar claro o significado dos seguintes termos: Pesar e Pena. Estes sentimentos estarão presentes, de forma variada, nos familiares de pacientes com câncer e são termos que se usam, freqüentemente, com diferentes intenções (Rando, 1984). Pesar Pesar é o sentimento que surge como reação ao fato de ter sofrido uma perda. O Pesar identifica a situação específica das pessoas que tenham experimentado uma determinada perda (Corr, 1997), portanto, o Pesar é uma reação emocional específica a este determinado "objeto". Devido à perda, se desenvolve uma grande quantidade de emoções, experiências e mudanças na vida psíquica da pessoa. A duração desse estado depende da intensidade da relação com a pessoa que morreu ("objeto" perdido). É bom sublinhar que o Pesar tem também um aspecto antecipatório, ou seja, supõe o aparecimento de emoções e sentimentos antecipadamente à perda (vai morrer). Pena A Pena é o processo normal de reação emocional à percepção (forte indício) de uma perda. As reações de Pena podem ser vistas nas respostas à perdas básicas ou tangíveis, como por exemplo a morte, ou a perdas abstratas e psicossociais, como por exemplo o divórcio, o emprego, etc. Cada tipo de perda implica experimentar algum tipo de falta ou privação. Durante o processo que atravessa uma família que vivencia o câncer, se experimentam várias perdas e cada uma gera sua própria reação. As reações de Pena podem ser psicológicas, físicas, sociais e conflitos emocionais. As reações psicológicas podem incluir a raiva, mágoa, culpa, ansiedade e tristeza. As reações físicas incluem dificuldade para dormir, mudanças no apetite, queixas ou doenças somáticas, enfim, sinais e sintomas relacionados ao Transtorno de Adaptação e Ajustamento. As reações sociais incluem os sentimentos experimentados ao ter que cuidar de outros membros da família, o desejo de ver ou não a determinados amigos ou familiares (isolamento), ou o desejo de regressar rapidamente ao trabalho. Este processo depende do tipo de relação que se teve com a pessoa que morreu. Lindenmam (1994) faz notar cinco características para essas reações: 1. - aflição somática, 2. - preocupação com a imagem da pessoa morta, 3. - culpa, 4. - reações hostis, e 5. - perda da conduta normal. O conflito emocional, seja ele consciente o inconsciente, pode ser relacionado também à resposta cultural à perda. O processo de incorporar a perda na vida afetiva contrapõe aquilo que queremos, com aquilo que devemos e aquilo que conseguimos. O conflito é, por exemplo, a contraposição entre o fato de sabermos que a morte deve ser inevitável, até como decorrência normal de quem vive, mas mesmo assim não queremos, e nem conseguimos aplicar à realidade essa conotação racional. Muitos outros conflitos, mais complexos que esse do exemplo, podem estar presentes diante da perda de um ente querido. No chamado Processo da Pena se incluem três tarefas necessárias para que a pessoa volte a reintegrar-se à sua vida normal. Estas atividades incluem: 1. - liberar-se dos laços com a pessoa falecida, 2. - reajustar-se ao ambiente onde a pessoa falecida já não está e 3. - formar novas relações. Liberar-se dos laços com a pessoa falecida, implica que se deve modificar a "energia emocional" (o tônus afetivo) invertida na pessoa perdida. Isto não quer dizer, de forma alguma, que tenhamos deixado de amar a pessoa desaparecida, mas sim, que é possível agora dirigir os sentimentos e afetos a outros, em busca de uma satisfação emocional. A morte desperta com freqüência evocações de perdas ou separações do passado. Bowlby (1961) descrevia três fases do processo de luto: 1. - a urgência de recuperar à pessoa perdida, 2. - a desorganização e desespero e, finalmente, 3. - a reorganização da vida. Durante o processo de reajuste ambiental (reorganização da vida) tem-se que modificar as regras, os valores, a própria identidade e as habilidades para ajustar-se a um mundo onde o falecido já não está. Ao modificar a energia emocional, a energia que uma vez se concentrava na pessoa falecida, agora se concentra em outras pessoas ou outras atividades. Esse esforço adaptativo costuma requerer muita energia física e emocional e, não é raro, vermos pessoas atravessando essa fase experimentando uma fadiga avassaladora. Nessa fase, em se tratando de um estado depressivo, ou mesmo um Transtorno de Ajustamento, pode estar indicado um tratamento psiquiátrico medicamentoso e/ou psicoterápico. A experiência de Perda e Pesar não é somente pela pessoa que faleceu, mas também por todos os planos, idéias e fantasias que não se levaram a cabo com a pessoa desaparecida. De qualquer forma, os processos de Perda e Pesar fazem parte normal do universo existencial humano, são normais na medida em que sugerem que os seres humanos necessitam apegar-se a outros para melhorar sua sobrevivência e reduzir o risco de dano. As crianças e o pesar pela morte de um ente querido. A reação de uma criança pela morte de um ente querido pode ser muito diferente da reação das pessoas adultas. As crianças de idade pré-escolar acreditam que a morte é temporária e reversível; esta crença está reforçada pelos personagens em desenhos animados que "morrem e revivem" várias vezes. As crianças entre cinco e nove anos começam a pensar mais como adultos acerca da morte mas, todavia, não podem imaginar que eles ou alguém que eles conheçam possa morrer. Acrescenta-se, ao choque e à confusão que sofre a criança que tenha perdido seu irmão, irmã, pai ou mãe, a falta de atenção adequada de outros familiares que choram essa mesma morte e que não podem assumir adequadamente a responsabilidade de cuidar da criança. Os pais devem estar conscientes de quais são as reações normais das crianças ante a morte de um familiar, assim como dos sinais de perigo emocional. De acordo com os psiquiatras de crianças e adolescentes, é normal que durante as semanas seguintes à morte, algumas crianças sintam uma tristeza profunda ou que acreditem que o ente querido continua vivo. Entretanto, a negação da morte por longo período, que serve para evitar as demonstrações de tristeza, não é saudável e pode resultar em problemas mais severos no futuro. Não se deve obrigar a uma criança assustada a ir ao velório ou ao enterro, entretanto, se recomenda que se a faça participar de alguma cerimônia como, por exemplo, ascender uma vela, rezar uma prece ou visitar a sepultura. Uma vez que a criança aceita a morte, é normal que manifeste sua tristeza, de vez em quando, ou mesmo por um período de tempo mais longo um pouco e, às vezes, em momentos inesperados. Seus parentes devem procurar passar todo o tempo possível com a criança e fazê-la saber claramente que tem permissão para manifestar seus sentimentos livremente e abertamente. Se a pessoa morta era essencial para a estabilidade do mundo da criança, a raiva, ira ou revolta são reações naturalmente esperadas. Esta ira pode se manifestar em jogos violentos, pesadelos, irritabilidade ou numa variedade de outros comportamentos inadequados. Não é raro que essa criança se mostre com intolerância para com outros membros da família. Depois da morte de um dos pais, muitas crianças agem como se tivessem idade menor (regressão). A criança temporalmente age de maneira mais infantil, exige comida na boca, quer atenção, carinho e fala "como um bebê". As crianças menores acreditam que eles sejam a causa do que sucede em seu redor. O pequeno pode crer que seu pai, irmão, mão, etc., tenha morrido porque uma vez ele pode ter desejado que isso acontecesse. A criança se sente culpada porque acredita que seu desejo se realizou. Alguns sinais de perigo emocional: · um período prolongado de depressão durante o qual a criança perde interesse por suas atividades e eventos habituais · insônia, perda do apetite e medo de ficar sozinho · Regressão a uma idade mais precoce por um período longo de tempo · Imitação excessiva da pessoa morta · Dizer freqüentemente que quer ir-se com a pessoa morta · Isolamento dos amiguinhos · Deterioração pronunciada do rendimento nos estudos ou negar-se ir à escola. Estes sintomas de aviso podem indicar que se necessita ajuda profissional. Um psiquiatra de crianças e adolescentes pode ajudar a criança a aceitar a morte, bem como assistir a sua família para que ajudem melhor a criança durante o processo de pesar e luto. Lidando com as Fases (finais) da Doença Grave Entender como outras pessoas enfrentam as doenças graves poderia ajudar ao paciente de câncer e sua família a preparar-se para lidar com suas próprias doenças. Pode-se dizer que a doença grave consta de quatro fases: 1. - a fase antes do diagnóstico, 2. - a fase aguda, 3. - a fase crônica, e 4. - a fase de recuperação ou morte. A primeira fase, anterior ao diagnóstico, é quando o paciente se da conta ou suspeita de que corre o risco de desenvolver uma doença. Esta fase se estende por todo período em que a pessoa é submetida à exames, e termina no momento em que recebe o diagnóstico. A fase aguda sucede durante o diagnóstico, quando a pessoa se vê forçada a entender o diagnóstico e tem que tomar uma serie de decisões acerca de seu cuidado médico. A fase crônica se define como o período entre o diagnóstico e os resultados do tratamento, quando os pacientes tentam lidar com as demandas da vida cotidiana ao mesmo tempo em que recebem tratamento e tentam aceitar seus efeitos secundários. Há algum tempo, o período entre o diagnóstico de câncer e a morte era de uns meses, geralmente passados no hospital. Entretanto, atualmente as pessoas podem viver muitos anos depois de receber um diagnóstico de câncer e de se submeterem a tratamento especializado. Em seguida vem a fase de recuperação, durante a qual, as pessoas têm que enfrentar os efeitos psicológicos, sociais, físicos, religiosos e monetários do câncer. A fase final ou terminal de uma doença grave ocorre quando a morte se converte em algo iminente. Neste momento se alteram os objetivos e, ao invés de se tentar a cura ou prolongar a vida do paciente, os esforços se concentram em ajudar a pessoa a se sentir mais confortável e mais aliviada de sofrimentos. As tarefas durante esta fase final, com freqüência, se enfocam no aspecto religioso. para referir: Ballone GJ - Câncer e Emoção - in. PsiqWeb, Internet, disponíve em www.psiqweb.med.br, revisto em 2007. ANEXO Terezinha Fátima Hassan Deitos e João Francisco Pollo Gaspary, da Faculdade de Medicina de Santa Maria (RS) publicaram um artigo na Revista Brasileira de Cancerologia intitulado Efeitos biopsicossociais e psiconeuroimunológicos do câncer sobre o paciente e familiares. Veja o resumo: "Durante as duas últimas décadas, têm sido ressaltados os problemas somáticos, psíquicos e sociais de pacientes com câncer, bem como têm sido focalizadas, no âmbito do estudo oncológico, as teorias biopsicossociais e psiconeuroimunológicas. O presente trabalho apresenta considerações clínicas sobre esses aspectos, ressaltando-se o impacto que o câncer provoca sobre os pacientes e seus familiares. O câncer e seus tratamentos constituem uma fonte de estresse, capaz de desencadear desordens de ajustamento nestes indivíduos. A mensuração da qualidade de vida deve ser incorporada aos estudos clínicos, porque a sua inclusão tende a melhorar as indicações terapêuticas. Os relatos de pacientes sobre sintomas somáticos são associados, principalmente, às suas preocupações emocionais e sociais mais do que ao seu estado geral de saúde. A equipe responsável pelo paciente deve compreender a dinâmica envolvida no binômio família -paciente e conhecer a influência que os fatores psicossociais exercem sobre ele. A falha do reconhecimento dessa influência, conseqüentemente, o prejuízo provocado no suporte psicossocial da família irão privar os pacientes do conforto, amor, suporte e companheirismo de que eles precisarão através do curso da sua doença. Os médicos devem ser capazes de identificar e estimular circunstâncias que facilitem o processo de adaptação de seus pacientes. O tratamento psicológico, em pelo menos alguma extensão, sempre é benéfico. A participação do paciente no tratamento, é parte de um tema desenvolvido por Ademar Lopes, Especialista em Cirurgia Oncológica e Diretor do Departamento de Cirurgia Pélvica do Hospital do Câncer - AC Camargo. Veja um trecho do artigo: "A participação do paciente no tratamento a nosso ver, é de fundamental importância e, para isso, ele deve estar devidamente informado sobre a sua doença, tratamento, exceção feita aos casos muito especiais, como pacientes com distúrbios psíquicos ou outras situações clínicas em que o estresse pode levar a risco de vida. A experiência mostra que o doente bem informado coopera com o tratamento, mantém a confiança no médico e na família. Na maioria das vezes, é falsa a idéia de que se pode tratar o paciente sem que ele saiba da sua doença. O impacto de se saber portador de câncer é chocante, assim como o é qualquer outra notícia ruim, mas a informação criteriosa e adequada dada pelo médico especialista torna-a muito mais fácil de encarar, diminui a desconfiança, as idéias distorcidas que passam pela cabeça do paciente ou o que é pior, informações ou observações obtidas a partir de pessoas leigas, que viram ou ouviram falar de tantos casos bem ou malsucedidos, mas que na maioria das vezes são diferentes do caso do paciente em questão. Os seres humanos gostariam de sempre receber boas notícias. Este seria o mundo ideal, sempre cor de rosa, porém o mundo real é o que vivemos e é formado por alegrias, tristezas, vitórias, derrotas, saúde, doença, amor e desencontros, vida e morte. Viver no mundo ideal é fácil e, portanto, sem méritos, diria até fútil, cheio de imaturidade. Nos momentos difíceis do mundo real é que as pessoas aprendem e amadurecem e é exatamente nestes momentos onde se detectam os fortes e os fracos, os vencedores e os derrotados, os sábios e os ineptos. O câncer, assim como todas as outras doenças, faz parte do mundo real. É muito bom saber que enfrentá-lo de maneira racional permite a cura, sobrevida maior ou, quando tudo isso for impossível, ter uma qualidade de vida melhor dentro do convívio familiar e social." Fonte: Psiqweb

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

EDUCAÇÃO EM VALORES HUMANOS

E alguém disse: Mas o que são Valores Humanos? - É uma atitude natural que provém do coração. Estão presentes naturalmente em nós. E o que quer dizer Educação? - É ação. Ambos são interdependentes, um depende do outro Significa a prática de valores humanos na vida diária. E não são apenas as palavras: Verdade, Retidão, Paz, Amor e Não-Violência. É preciso haver perfeita harmonia entre: Pensamento, Palavra e Ação. Deve haver unidade entre Coração, Cabeça e Mãos. Estes são os verdadeiros Valores Humanos. Tem sido dito que a educação é para a vida. E não se destina somente a ganhar a vida. Portanto a educação é o processo de esculpir a personalidade humana. E o que leva a desintegração no mundo? - É a constante ausência de unidade nos pensamentos, Palavras e ações do homem. E para restaurar a sua grandeza. A educação tem que cumprir um importante papel a qual ela se propôs. Enfim, é fundamental entender a energia básica do Amor. - Pois o Amor em ação leva-nos à Ação Correta. E o Amor como sentimento dá origem à Paz. E a Não-Violência é a expressão das excelências e esta combinada a todos os valores da Verdade - Acaba por deixar sua consciência ser o seu guia. Agora exercitemos: Valor: Verdade Sub-valor: Integridade Objetivo: Aprender que a integridade (confiança) é uma parte vital. Da construção do caráter e de uma boa reputação Conheça a história: Sementes Um garotinho vendeu certa vez algumas sementes a uma dona-de-casa. Ele cobrou 1 real por 1/2 quilo. Ela disse: "por que você não entra em casa e me vê pesar suas sementes? Eu poderia querer enganá-lo." O menino riu . "Não estou preocupado, ele disse, pois o maior prejuízo será seu." A mulher ficou confusa e perguntou o que ele queria dizer com isso. Ele respondeu: "Eu apenas perderia minhas sementes, mas você faria de si mesma uma ladra”. Integridade significa: Escutar a consciência em mim, Que falarei a verdade sobre o que vejo. Que você pode confiar na minha honestidade, Que você pode sempre contar comigo. Pense Nisso! Eu farei o que é certo.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

DOUTORES PALHAÇOS

Voltado para estudantes de teatro e atores profissionais que queiram se especializar na linguagem do palhaço, o curso tem módulos com duração de três a quatro meses, para especialização, desenvolvimento e treino de habilidades específicas. Se você também é ator ou estudante de artes cênicas e tem interesse em aprofundar seus estudos da linguagem do palhaço, fique atento ao site, twitter e blog dos Doutores para se informar sobre novas turmas. Escola de Palhaços dos Doutores da Alegria - São Paulo Rua Alves Guimarães, 73 Pinheiros São Paulo - SP ------------------------------------------------------------------------------- Doutores da Alegria - O engraçado é que é sério. Uso infantil Composição Humor..........................................................................100% Formação artística profissional e contínua.......................................................................100% Sistematização e disponibilização de conhecimento - Centro de Estudos......................100% Administração e captação de recursos eficientes..................................................................100% Informações históricas Em 1986, Michael Christensen, um palhaço americano, diretor do Big Apple Circus de Nova Iorque, apresentava-se numa comemoração num hospital daquela cidade, quando pediu para visitar as crianças internadas que não puderam participar do evento. Improvisando, substituiu as imagens da internação por outras alegres e engraçadas. Essa foi a semente da Clown Care Unit™, grupo de artistas especialmente treinados para levar alegria a crianças internadas em hospitais de Nova Iorque. Em 1988 Wellington Nogueira passou a integrar a trupe americana. Voltando ao Brasil, em 1991, resolveu tentar aqui um projeto parecido, enquanto ex-colegas faziam o mesmo na França (Le Rire Medecin) e Alemanha (Die Klown Doktoren). Os preparativos deram um trabalho danado, mas valeu: em setembro daquele ano, numa luminosa iniciativa do Hospital e Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, em São Paulo (hoje Hospital da Criança), teve início nosso programa. Informações técnicas Nossa missão é ser uma organização proeminentemente dedicada a levar alegria a crianças hospitalizadas, seus pais e profissionais de saúde, através da arte do palhaço, nutrindo esta forma de expressão como meio de enriquecimento da experiência humana. Somos uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos que realiza cerca de 75 mil visitas por ano a crianças internadas em hospitais de São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Belo Horizonte. Indicações Traumas ligados à hospitalização infantil: perda de controle sobre o corpo e a vida; atitudes negativas em relação às doenças e à recuperação. Contra-indicações Não há. Posologia A besteirologia deve ser aplicada diariamente até que o paciente não saiba mais como ficar triste. É remédio para a vida toda. Contatos Doutores da Alegria São Paulo Doutores da Alegria Recife Doutores da Alegria Belo Horizonte Centro de Estudos Palestras Contatos artísticos Assessoria de Imprensa Nossos Telefones: São Paulo / (11) 3061.5523 Recife / (81) 3466.2373 / (81) 3463.0866 Belo Horizonte / (31) 3889.9646 Assessoria de Imprensa / (11) 2892-3118 / (11) 2892-4679

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Cuidados Simples para Prevenir o Pé Diabético

O que é o Pé Diabético? Uma das complicações crônicas do diabetes é o popularmente conhecido pé diabético. Ele ocorre mais rapidamente naquelas pessoas que não fazem um controle adequado de seus níveis de glicemia (açúcar) no sangue. Alguns cuidados simples podem prevenir tal condição e criar a possibilidade de se evitar as amputações de membros em 100% dos casos. Pessoas que têm diabetes durante 10 ou 20 anos começam a apresentar diminuição da circulação arterial e redução da sensibilidade dolorosa e térmica nos membros, a chamada neuropatia diabética. Taxas aumentadas de glicose no sangue por longo período de tempo podem causar esta neuropatia, que é sentida como um formigamento, agulhadas, dor, dormência, queimação ou fraqueza nos membros. Diferente do que acontece com problemas circulatórios, que dão dores na batata da perna ou nas coxas quando as pessoas se movimentam e melhoram com o repouso, os sintomas da neuropatia são piores à noite, ao deitar. Muitos diabéticos só se dão conta do que está acontecendo quando seus pés ou pernas já apresentam feridas ou, em um estágio mais avançado, infecções no local da ferida. Mas a prevenção é o meio mais eficaz de evitar estes problemas. O que fazer para evitar o Pé Diabético? A observação e a higienização correta auxiliam na prevenção e diagnóstico precoce das lesões. E alguns cuidados simples podem ser tomados para evitar estes problemas. Examine seus pés diariamente Para facilitar este exame dos pés, use um espelho ou peça ajuda de uma pessoa querida. Procure bolhas, feridas, ferimentos, calos, frieiras, cortes, rachaduras e alterações de coloração na pele. Faça o exame sempre em um local bem iluminado, preferencialmente usando luz solar. E em todas as consultas com seu médico, peça-o para examinar seus pés. No banho Mantenha seus pés limpos usando sabonete de glicerina e água morna. Nunca use água quente, pois a diminuição da sensibilidade térmica pode fazer com que você se queime. Teste a temperatura da água com o cotovelo e só depois coloque os seus pés nela. Após o banho, seque bem os pés com uma toalha macia, sem esfregar, principalmente entre os dedos e ao redor das unhas. Nunca use secador de cabelos, aquecedores, cobertores térmicos ou lâmpadas para secar os pés. Eles podem queimá-lo sem que você perceba. Mantenha a pele hidratada, aplicando creme ou loção hidratante. Não aplique em cortes ou ferimentos ou entre os dedos para evitar umidade. O uso de talco não é necessário, mas se você tem o costume de fazê-lo, use em pouca quantidade. Qual meia devo usar? As meias sem costura e sem elástico são as melhores para pessoas diabéticas, pois evitam machucados. Prefira usar meias de lã no inverno e meias de algodão no verão. Evite as meias de nylon que dificultam a transpiração e perdem rapidamente a qualidade. Quais os cuidados que devo tomar com as minhas unhas? Lave e seque bem seus pés e unhas antes de cortá-las. O ideal é cortá-las com intervalo máximo de 4 semanas e lixar uma vez por semana, utilizando um cortador de unhas adequado ou uma tessoura de ponta romba. O corte deve ser quadrado, deixando ver uma pequena parte branca. Lixe os cantos para mantê-los arredondados. Não descole a unha da base com espátulas, nem corte os cantos arredondados para evitar que sua unha encrave. Caso você já tenha unha encravada, você precisa procurar um serviço especializado em tratamento dos pés ou um dermatologista para avaliar a necessidade de uma pequena cirurgia no local. Só utilize os serviços de manicures e pedicures treinados e peça para que não tirem as cutículas e não corte os cantos. Informe sempre que é diabético. Nunca corte calos ou calosidades, nem use calicidas ou abrasivos como lixas ou raladores. Procure um médico para tratar a causa do aparecimento de calosidades que podem ser devido ao uso de calçados inadequados, a presença de joanetes ou deformidades nos pés. Caso suas unhas estejam muito grossas, com aspecto “esfarelado”, com alterações na cor ou descolando da base, procure um dermatologista pois você pode estar com micose e necessitar de um tratamento com mediações de uso oral por algumas semanas. Quais são os cuidados gerais a serem tomados com os meus pés? Ao se expor ao sol, utilize protetores solares, inclusive nos pés para protegê-los de queimaduras. É comum acontecerem queimaduras nos pés na praia, ao pisar em areia quente. Fique atento a este detalhe. Evite manter as pernas cruzadas, para facilitar a circulação. Se você trabalha sentado, procure mexer os pés a cada 30 minutos. Não use bolsas de água quente nos pés. Evite andar descalço, mesmo dentro de casa. Calçados. Quais os melhores? O ideal são sapatos fechados, de couro macio, em numeração e altura adequadas e que sejam confortáveis. Os que têm piso anti-derrapante com solado rígido e seguro são uma boa opção, pois dão maior segurança para caminhar. Existem algumas lojas especializadas que oferecem calçados e palmilhas específicos para diabéticos. Sempre que calçar um sapato, verifique o seu interior para não ferir os pés em pedras, pregos ou outros pequenos objetos. Examine os sapatos com atenção, procurando deformidades nas palmilhas ou costuras. Evite usar sapatos sem meia Guarde seus sapatos em ambiente arejado e lave-os sempre que necessário. Deixe secar bem antes de usá-los. Para os exercícios físicos, você deve escolher um tênis confortável, com sistema de amortecimento de impactos. Reserve um tênis apenas para a prática de esportes. Compre seus sapatos de preferência na parte da tarde e em dias de calor, quando seus pés vão estar mais inchados. Nunca use um sapato novo o dia inteiro. Comece usando meia hora no primeiro dia e vá aumentando 30 minutos a cada dia de uso até se adaptar ao novo calçado. Abandone o uso de calçados que sejam desconfortáveis ou que causem bolhas ou ferimentos nos seus pés. Invista na prevenção de lesões nos pés, para evitar gastos com tratamentos futuros. Para as mulheres, os saltos quadrados de no máximo 2 a 3 centímetros de altura e, se possível, no formato de mata-borrão. São os melhores. Evite saltos altos e bicos finos, que apertam os pés. Sapatos de plástico ou de couro sintético aumentam a transpiração nos pés e devem ser evitados. Chinelos de dedo ou tiras que deixam os pés desprotegidos e deformam com o uso não devem ser usados. Cuidado com os ferimentos! Quem tem diabetes há vários anos precisa ter em mente que a perda de sensibilidade nos membros pode levar ao aparecimento de ferimentos sem que a pessoa perceba. Em caso de ferimentos ou acidentes nos pés ou pernas, faça um tratamento imediato. Não espere para “ver se vai melhorar”. Este tempo perdido pode gerar complicações como infecções e dificuldade de cicatrização das feridas. Os primeiros cuidados a serem tomados são: lave o local do ferimento com água limpa e sabão neutro, cubra com gaze estéril e enfaixe sem apertar. Em seguida, procure um médico. Não use produtos com iodo ou corantes, não use band-aid ou fita adesiva diretamente na pele. Nunca trate os ferimentos sem orientação médica, nem tome ou aplique medicamentos ou qualquer outra sibstância por conta própria ou por orientação de amigos. A presença de febre, vermelhidão no local da ferida, inchaço ou pus nos pés ou pernas são sintomas preocupantes. Procure imediatamente o seu médico e não interrompa o tratamento de diabetes! Dois amigos dos seus pés Não fumar e fazer um bom controle de seus níveis glicêmicos (açúcar no sangue) são as duas principais armas para evitar o pé diabético. Procure ter uma alimentação balanceada e praticar exercícios físicos com regularidade, sempre com orientação do seu médico e de um nutricionista. Isto posterga o início do uso de medicamentos para tratar o diabetes e em muitos casos evita o uso de insulina para controlar a doença. O exercício também melhora a circulação arterial. Já está comprovado que o maior número de casos de amputações de pés e pernas ocorre nos diabéticos que fumam. Como ninguém quer aumentar os seus riscos, assuma com você mesmo o compromisso de parar de fumar. Tenha força de vontade e atinja este objetivo. Caso tenha dificuldades, procure ajuda especializada. Fontes: American Diabetes Association Canadian Diabetes Association

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Ética no Trabalho

Para que seja ético no trabalho é preciso antes de tudo ser honesto em qualquer situação, nunca fazer algo que não possa assumir em público, ser humilde, tolerante e flexível. Ser ético significa, muitas vezes, abrir mão de algumas coisas e perder algo. É preciso ouvir mais as idéias de seus colegas, pois muitas idéias aparentemente absurdas pode ser a solução para um problema.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

EU TE CHAMO PELO NOME

*Dainir Feguri

Esta proposta nasce de um equívoco muito comum que ocorre na comunidade hospitalar na rede de saúde pública. Um senhor idoso hospitalizado necessitava de tratamento intravenoso, mas não possuía calibre de veia suficiente para receber o medicamento, então o médico visitador sugere que ele seja submetido a um procedimento técnico chamado pulsão da subclávia para que pudessem ter acesso ao vaso sanguíneo.

Em outras palavras seria fazer uma perfuração com cuidado na região do tórax, debaixo da clavícula para localizar uma veia em melhores condições para receber soro e medicamento. A equipe técnica da enfermagem vai até o andar buscar o paciente e não observa o nome, verificam apenas o número do leito que coincidentemente havia em outra enfermaria do hospital. Trazem para a equipe médica um outro paciente, jovem de vinte e poucos anos. Cujo calibre de veia era grossa, alta, visivelmente aparente em mãos, pés, corpo, etc. Mas a equipe não olha o paciente como um todo, somente a parte do tórax e nenhum questionamento é feito pelos demais. A pulsão é feita.

Quando a família descobre que o procedimento invasivo era desnecessário e equivocado. Vira escândalo, imprensa, pressão sobre equipe e gerenciamento do hospital, mas o erro já havia acontecido. Para não acontecer novamente a direção do hospital pede um treinamento em coaching com o nome do título acima na forma de oficina para todos os colaboradores do hospital.

A importância do nome

O nome é nossa primeira identificação. É através dele que adquirimos noções de identidade. Identidade é o conjunto de caracteres próprios e exclusivos de uma pessoa: inicia-se pelo nome, idade, estado, profissão, sexo, defeitos físicos, impressões digitais, etc. Tem influência na personalidade da pessoa. E a escolha do nome a essa pessoa ainda criança tem caráter: pessoal, cultural e religioso.

A escolha do nome na cultura Oriental

Acredita-se que a pessoa possui uma certa “função” na vida. Função aqui significa; prática ou exercício de cargo, serviço, ofício. Acreditam que somente os líderes é que nascem com missões a serem realizadas. Portanto, função & missão – é similar. Papel que desempenhará na comunidade. O desafio dos pais é descobrir a ‘função’ que o recém nascido vai desempenhar na vida. E a forma que tem de como fazer esta descoberta é solicitando a um Monge que medite, faça contemplações para que ele descubra qual é o nome da criança. Passado alguns dias ou meses, o Monge volta com o nome e prega no portal da casa, enquanto toda a comunidade, ali presente assiste silenciosa. Ao término da missão do monge, eles correm para ver qual será o oficio da criança. Este é um ritual denominado a cerimônia do anúncio do nome que se dá no continente asiático e também em algumas famílias asiáticas aqui no Brasil.

A escolha do nome na cultura Ocidental

Está baseada nos sete pilares que são: mito, místico, filosofia, civilização ocidental, economia, política e ética. A importância do nome está no contexto social. Mas em algum momento se assemelha a cultura oriental.

Vejamos alguns exemplos de funções desempenhadas por cientistas em que suas descobertas receberam o próprio nome:

Capacitância, Farads (F) Michael Faraday (foto)

 Segue outros nomes como exemplo:
Corrente, Ampéres (A) Andre Marie Ampère
Energia, Joules (J) James Prescott Joule Dimensão,
Angstrons (A) Anders Jonas Angström Dipolo,
Debyes (D) Peter Joseph Wilhelm Debye Carga,
Coulombs (C) Charles Augustin de Coulomb Frequência,
Hertz (Hz) Heinrich Rudolf Hertz Potencial,
Volts (V) Alessandro Giuseppe Anastasio Volta Temperatura,
Kelvin (K) William Thomson (Barão Kelvin de Largs)
Temperatura,Celsius (C) Anders Celsius Potência,
Watts (W) James Watt
Pipetas Pasteur Louis Pasteur




Na Cultura Indígena Guarani

A escolha do nome se dá pelo sonho. O pai sonha com a alma da criança que vai nascer e ela diz ao pai o nome que ela gostaria de ser chamada. O pai comunica ao pajé e este faz todos os rituais para confirmar ao pai de onde provém esta alma do Zênite, ou seja, da eternidade. Portanto entendendo a importância do nome para o percurso e socialização do Guarani, percebe-se que neste grupo existe uma outra lógica em relação ao trato com a criança, que é quem, na verdade, escolhe o nome, ou melhor, traz o nome.


Além dos erros bizarros que pode acontecer com a pessoa, os nomes bizarros geram outro problema - o Bullying que traz um indesejado desequilíbrio de poder entre iguais. Ele significa formas de agressões intencionais repetidas por uma pessoa, que causam angústia ou humilhação a outro.

Compreende, pois, todas as formas de atitudes agressivas, intencionais e repetidas, que ocorrem sem motivações evidentes, adotadas por um ou mais contra outro(s), causando dor e angústia. Existem pais que não percebem a gravidade que existe aos escolherem nomes bizarros aos filhos. Que na atualidade está proibido. Porém, os apelidos continuam marcando presença na Cultura Ocidental e Regional.

Exemplos de nomes bizarros encontrados em site de piadas:

Antônio Querido Fracasso, Antonio Treze de Junho de Mil Novecentos e Dezessete, Antônio Veado Prematuro Abrilina Décima Nona Caçapavana Piratininga de Almeida Amin Amou Amado Amor de Deus Rosales Brasil Barrigudinha Seleida Benedito Autor da Purificação Benigna Jarra, Benvindo Viola, Bispo de Paris, Bizarro Assada Carabino Tiro Certo, Carlos Alberto Santíssimo Sacramento Cantinho da Vila Alencar da Corte Real Céu Azul do Sol Poente, Chananeco Vargas da Silva, Chevrolet da Silva Ford, Cincero do Nascimento, Colapso Cardíaco da Silva, Comigo é Nove na Garrucha Trouxada, Confessoura Dornelles, Manoel Sovaco de Gambar Manuel Sola de Sá Pato Marciano Verdinho das Antenas Longas, José Mistura Estácio Ponta Fina Amolador, Éter Sulfúrico Amazonino Rios, Excelsa Teresinha do Menino Jesus da Costa e Silva, Faraó do Egito Sousa, Fedir Lenho, Gerunda Gerundina Pif Paf, Gigle Catabriga, Jacinto Fadigas Arranhado Janeiro Fevereiro de Março Abril, Joaquim Pinto Molhadinho José Teodoro Pinto Tapado Lança Perfume Rodometálico de Andrade Liberdade Igualdade Fraternidade Nova York Rocha Maria Tributina Prostituta Cataerva Naida Navinda Navolta Pereira Necrotério Pereira da Silva Otávio Bundasseca, Pacífico Armando Guerra Primeira Delícia Figueiredo Azevedo, Primavera Verão Outono Inverno, Produto do Amor Conjugal de Marichá e Maribel, Protestado Felix Correa, Última Delícia do Casal Carvalho.

 Você sabe o significado do Seu Nome?

 Sugiro que você faça uma pesquisa em livros e/ou internet para descobrir mais sobre o significado do próprio nome. Relevante a isso, pode ajudar na autoestima, pois muitas pessoas não gostam do nome que trazem.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Sala da Mulher realiza Ação de Cidadania em Juara

Juara/MT, foi palco neste sábado de mais uma Ação de Cidadania promovida pela Sala da Mulher Oliva Enciso. A iniciativa contou com importantes parceiros como o Espaço Cidadania Papa João Paulo II da Assembleia Legislativa, Banco do Brasil, Secretaria Estadual de Justiça, Exército, Prefeitura de Juara e UFMT. Juntos por oferecer serviços como a emissão de RG, CPF, Carteira de Trabalho, Título de Eleitor e Reservista. Além desses, também foram ofertadas orientações de saúde, como a aferição da pressão arterial, teste de glicemia, Doenças Sexualmente Transmissíveis, prevenção de câncer do colo do útero, dentre outros exames. Também houve palestras sobre ‘Questões relacionadas ao Menor’, com o membro representante do programa Rede Cidadã de Cuiabá; ‘A importância do nome na vida das pessoas’, com a psicóloga Dainir Feguri; ‘Políticas públicas voltadas ao idoso’, com a professora Iva Gonçalves; e ‘Políticas Públicas voltadas à Mulher’, com a promotora de Justiça Lindinalva Correa. Além de Orientações em relação ao trânsito e Educação ambiental. Foi atendido o Vale do Arinos com trabalhos voltados em prol da mulher. A mobilização da população e participação, eles puderam obter os serviços oferecidos. Tudo isso foi possível graças ao trabalho em parceria, conforme planejamento da equipe da coordenadoria da Sala da Mulher. A intenção seria interiorizar as ações da Sala da Mulher levando benefícios à população de todo o estado. Janete Riva afirma que primeiramente, serão contempladas as cidades-pólos com ações mensais. Em Juara, por exemplo, houve ônibus durante todo o dia para facilitar o acesso das pessoas ao evento, que circularam das 7 às 17 horas.

Otimismo reduz a incidência de doença coronariana e de mortalidade total em mulheres na pós-menopausa

Segundo artigo publicado na Circulation pesquisa publicada no periódico Circulation, da American Heart Association, revela que as mulheres na pós-menopausa que são mais otimistas apresentam menos doenças cardíacas e menor mortalidade por outras causas, como o câncer. Participaram do estudo 97.253 mulheres da Women's Health Initiative que não tinham câncer ou doença cardiovascular no início da pesquisa. O otimismo foi avaliado através do teste Life Orientation Test–Revised e o pessimismo (o cinismo e a hostilidade) foram estudados pelo Cook Medley Questionnaire. Após acompanhamento durante 8 anos e análises estatísticas sobre a incidência de doenças coronarianas (infarto do miocárdio, angina, angioplastia coronariana percutânea e cirurgia arterial coronariana com o uso de bypass) e de mortalidade total (por doenças cardiovasculares, coronarianas e por câncer) foi feita uma comparação entre as mulheres 25% mais otimistas e as 25% mais pessimistas (mais hostis e mais cínicas). As mais otimistas tiveram índices mais baixos de doenças coronarianas (43 versus 60) e de mortalidade total (46 versus 63). As mulheres mais cínicas e hostis tiveram os índices mais altos de doenças coronarianas e de morte relacionada ao câncer e às outras causas. As mais otimistas tiveram os índices mais baixos. Pesquisas futuras devem examinar se intervenções como mudanças de atitudes podem modificar este risco e como estas características psicológicas podem afetar a saúde. O estudo mostra a possibilidade de que as mulheres mais otimistas têm um estilo de vida mais saudável, incluindo a prática regular de atividades físicas e a manutenção do peso corporal saudável. Fonte: Circulation - American Heart Association

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Transtornos Emocionais na Escola

A escola além de um ambiente de aprendizado formal é também a primeira colocação social fora do núcleo familiar. A escola oferece um ambiente propício para a avaliação emocional das crianças e adolescentes por ser um espaço social relativamente fechado, intermediário entre a família e a sociedade. É na escola onde a performance dos alunos pode ser avaliada e onde eles podem ser comparados estatisticamente com seus pares, com seu grupo etário e social. Com algum preparo e sensibilidade o professor estaria mais apetrechado do que os próprios pediatras, dispondo de maior oportunidade para detectar problemas cruciais na vida e no desenvolvimento das crianças. Dentro da sala de aula há situações psíquicas significativas, nas quais os professores podem atuar tanto beneficamente quanto, consciente ou inconscientemente, agravando condições emocionais problemáticas dos alunos. Os alunos podem trazer consigo um conjunto de situações emocionais intrínsecas ou extrínsecas, ou seja, podem trazer para escola alguns problemas de sua própria constituição emocional (ou personalidade) e, extrinsecamente, podem apresentar as conseqüências emocionais de suas vivências sociais e familiares. Como exemplo de condição emocional intrínseca estão os problemas psíquicos inerentes à própria pessoa, próprias do desenvolvimento da personalidade, dos traços herdados e das características pessoais de cada um. Incluem-se aqui os quadros associados aos traços ansiosos da personalidade, como por exemplo a Ansiedade de Separação na Infância, os Transtornos Obsessivo-Compulsivos, o Autismo Infantil, a Deficiência Mental, Déficit de Atenção. Incluem-se também os quadros associados aos traços depressivos da personalidade, como é o caso da Depressão na Adolescência, Depressão Infantil , e outros mais sérios, associados à propensão aos quadros psicóticos, como a Psicose Infantil, Psicose na Adolescência e associados aos transtornos de personalidade, a exemplo dos Transtorno de Conduta, entre outros. Entre as questões externas à personalidade capazes de se traduzirem em problemas emocionais, encontram-se as dificuldades adaptativas da Adolescência e Puberdade, do Abuso Sexual Infantil, os problemas relativos à Criança Adotada, à Gravidez na Adolescência, à Violência Doméstica, aos problemas das separações conjugais dos pais, morte na família, doenças graves, etc. O preparo e bom senso do professor é o elemento chave para que essas questões possam ser melhor abordadas. A problemática varia de acordo com cada etapa da escolarização e, principalmente, de acordo com os traços pessoais de personalidade de cada aluno. De um modo geral, há momentos mais estressantes na vida de qualquer criança, como por exemplo, as mudanças, as novidades, as exigências adaptativas, uma nova escola ou, simplesmente, a adaptação à adolescência. As crianças e adolescentes, como ocorre em qualquer outra faixa etária, reagem diferentemente diante das adversidades e necessidades adaptativas, são diferentes na maneira de lidar com as tensões da vida. É exatamente nessas fases de provação afetiva e emocional que vêem à tona as características da personalidade de cada um, as fragilidades e dificuldades adaptativas. Erram, alguns professores menos avisados, ao considerar que todas as crianças devessem sentir e reagir da mesma maneira aos estímulos e às situações ou, o que é pior, acreditar que submetendo indistintamente todos alunos às mais diversas situações, quaisquer dificuldades adaptativas, sensibilidades afetivas, traços de retraimento e introversão se corrigiriam diante desses “desafios” ou diante da possibilidade do ridículo. Na realidade podem piorar muito o sentimento de inferioridade, a ponto da criança não mais querer freqüentar aquela classe ou, em casos mais graves, não querer mais ir à escola. Para as crianças menores, por exemplo, existem as ameaças ou a ridicularização pelas mais velhas, e esse sentimento de ridicularização é tão mais contundente quanto mais retraída e introvertida é a criança. Já, para os adolescentes, as ameaças de ansiedade geradas em ambiente intraclasse são o desempenho aquém da média nos times esportivos, nos trabalhos em grupo, as diferenças sócio-econômicas entre os colegas, as diferenças no estilo e nas possibilidades de vida, no vestuário, etc. Como se sabe, a escola é um universo de circunstâncias pessoais e existenciais que requerem do educador (professor, dirigente ou staff escolar), ao menos uma boa dose de bom senso, quando não, uma abordagem direta com alunos que acabam demandando uma atuação muito além do posicionamento pedagógico e metodológico da prática escolar. O tão mal afamado "aluno-problema", pode ser reflexo de algum transtorno emocional, muitas vezes advindo de relações familiares conturbadas, de situações trágicas ou transtornos do desenvolvimento, e esse tipo de estigmatização docente passa a ser um fardo a mais, mais um dilema e aflição emocional agravante. Para esses casos, o conhecimento e sensibilidade dos professores podem se constituir em um bálsamo para corações e mentes conturbados. 1 - Fatores Extrínsecos capazes de causar Transtornos Emocionais Jane Madders (Maders J - Relax and be happy. Union Paperbacks 1987) trabalhou com uma classe do curso primário e com seus colegas na elaboração de uma lista de fatos e acontecimentos importantes capazes de produzir transtornos emocionais. A partir de tais eventos Madders elaborou uma lista de gravidade relativamente decrescente, pois, o grau de importância desses eventos pode variar de acordo com a faixa etária: Ranking dos eventos que produzem transtornos emocionais (ordem decrescente de importância) 1. Perda de um dos pais (morte ou divórcio) 2. Urinar na sala de aula 3. Perder-se; ser deixado sozinho 4. Ser ameaçado por crianças mais velhas 5. Ser o último do time 6. Ser ridicularizado na classe 7. Brigas dos pais 8. Mudar de classe ou de escola 9. Ir ao dentista/hospital 10. Testes e exames 11. Levar um boletim ruim para casa 12. Quebrar ou perder coisas 13. Ser diferente (sotaque ou roupas) 14. Novo bebê na família 15. Apresentar-se em público 16. Chegar atrasado na escola A partir dessa lista, podemos ver alguns fatores aflitivos do dia-a-dia dos alunos. Por exemplo, observe-se que urinar na sala de aula é a segunda maior preocupação e, por comparação, um novo bebê na família aparece em 14o. lugar. Isso sugere que, para uma criança ou adolescente em idade escolar, as coisas que a depreciam diante de seus colegas podem provocar níveis mais elevados de frustração, estresse, ansiedade ou depressão. O mesmo fenômeno pode acontecer com as minorias étnicas ou dos alunos culturalmente diferentes, como por exemplo, portadoras de sotaque. Evidentemente não devemos nunca esquecer que algumas crianças são mais vulneráveis a transtornos emocionais do que outras. As variáveis ambientais, particularmente aquelas que dizem respeito ao funcionamento familiar, também podem influenciar muito a resposta das crianças e adolescentes aos estressores escolares e, conseqüentemente, ao surgimento de algum transtorno emocional. Há uma espécie de efeito de proteção exercido pelos bons relacionamentos familiares que se estende até a adolescência. Separação dos Pais Uma das mais comuns experiências ambientais, hoje em dia, capazes de determinar alterações emocionais nos alunos é a separação conjugal dos pais. Na escala de Madders vem em primeiro lugar. Durante os momentos difíceis da separação conjugal, tanto os pais quanto, de um modo geral, a própria criança (um pouco menos, em relação aos adolescentes) esperam que os professores assumam uma atitude mais incisiva e uma maneira mais compreensiva e afetuosa ao lidar com o aluno emocionalmente abalado. Mesmo quando os pais finalmente se separam, as crianças geralmente precisam de algum tempo (2 anos ou mais) para se adaptar à nova situação. Tudo leva a crer ser preferível que os pais que estão se separando deixem claro o rompimento, apesar desta atitude poder ser muito angustiante para os filhos, procurando oferecer explicações compatíveis com o grau de entendimento das crianças. As pesquisas sugerem que quanto menores forem os filhos, menos desejam a separação dos pais, ainda que o relacionamento entre eles seja bastante problemático. A maioria dos filhos pequenos prefere que os pais permaneçam juntos e, mesmo após o divórcio ou o novo casamento, ainda fantasiam a possibilidade de uma reconciliação. Elas passam por um processo semelhante ao da perda e do luto. As crianças em idade escolar são perfeitamente capazes de observar e vivenciar qualquer clima de hostilidade e animosidade entre seus pais. Ainda que na fase pré-separação a tática de beligerância dos pais seja do tipo "agressão pelo silêncio", dependendo da idade da criança haverá percepção sobre o tipo de clima que existe entre o casal e que o casamento está atravessando sérias dificuldades. A auto-estima da criança é fortemente beneficiada pelo sentimento de fazer parte de uma identidade herdada dos pais (de ambos). Suas características geralmente são comentadas por amigos e parentes, comparando-a com os pais, e tornam-se parte da identidade pessoal da criança. Durante a separação e depois dela, as críticas que os pais fazem um ao outro podem levar a criança a sentir que parte da sua própria identidade também é ruim e sem valor. Freqüentemente, há uma dramática perda de auto-estima durante a separação e o divórcio e isso pode levar ao isolamento social, revolta, agressividade, desatenção, enfim, alterações comportamentais próprias de um estado depressivo (típico ou atípico). Essas alterações no comportamento do aluno podem ser considerados um aviso sobre a necessidade de ajuda e apoio. O que pode melhorar a afetividade das crianças na separação conjugal dos pais são informações claras e honestas sobre o futuro. Mas nem sempre os próprios pais sabem muito a esse respeito, tornando a iniciativa dos professores nesse sentido muito mais difícil. Algumas crianças consideram a escola como um refúgio dos problemas familiares pois, tanto o ambiente escolar quanto os professores, continuam constantes em sua vida durante esse período de grande reviravolta existencial. Mesmo assim, nem sempre esses alunos aceitarão conversar a respeito das dificuldades que enfrentam em casa (neste caso, a separação). Novamente, serão as alterações em seu desempenho e comportamento que denunciarão a existência de problemas emocionais. A sensação de solidão, tristeza e a dificuldade de concentração na escola, tudo isso contribui para uma depressão infantil ou da adolescência, complicando muito o inter-relacionamento pessoal e o rendimento escolar. Pode haver dificuldade de concentração, motivação insuficiente para completar tarefas, comportamento agressivos com os colegas e faltas em excesso. Não se afasta, nesses casos, a necessidade dos professores orientarem algum ou ambos os pais para a procura de ajuda especializada para o aluno. Fonte: Psiqweb

Anorexia Nervosa

Uma das mais freqüentes patologias psíquicas causadas pelo ambiente cultural. As características essenciais da Anorexia Nervosa são a recusa do paciente a manter um peso corporal na faixa normal mínima associado à um temor intenso de ganhar peso. Na realidade, trata-se de uma perturbação significativa na percepção do esquema corporal, ou seja, da auto-percepção da forma e/ou do tamanho do corpo e, assim sendo, a recusa alimentar é apenas uma conseqüência dessa distorção doentia do esquema corporal. O termo Anorexia pode não ser de todo correto, tendo em vista que não há uma verdadeira perda do apetite mas sim, uma recusa em se alimentar. A Anorexia Nervosa é então, um transtorno alimentar caracterizado por limitação da ingestão de alimentos, devido à obsessão de magreza e o medo mórbido de ganhar peso. Normalmente a pessoa anoréxica mantém um peso corporal abaixo de um nível normal mínimo para sua idade e altura. Quando a Anorexia Nervosa se desenvolve em numa pessoa durante a infância ou início da adolescência, pode haver fracasso em fazer os ganhos de peso esperados, embora possa haver ganho na altura. A pessoa que pesa menos que 85% do peso considerado normal para a idade e altura costuma ser um dado valioso para se pensar em anorexia. A CID-10 (Classificação Internacional de Doenças) recomenda que a pessoa tenha um Índice de Massa Corporal (IMC) igual ou inferior a 17, 5 kg/m2 sugestivo de anorexia. O IMC é calculado dividindo-se o peso em quilogramas pelo quadrado da altura em metros. Essas medidas ou índices são apenas diretrizes sugeridas para o clínico, pois não é razoável especificar um padrão único para um peso normal mínimo aplicável a todos os pacientes de determinada idade e altura. Ao determinar um peso normal mínimo, o médico deve considerar não apenas essas diretrizes, mas sobretudo a constituição corporal e a história ponderal do paciente. A perda de peso nas pessoas com Anorexia Nervosa é obtida, principalmente, através da redução do consumo alimentar total, embora alguns pacientes possam começar "o regime" excluindo de sua dieta aquilo que percebem como sendo alimentos altamente calóricos. De modo geral, a maioria dos pacientes termina com uma dieta muito restrita, por vezes limitada a apenas alguns poucos tipos de alimentos. Nos casos mais graves o paciente adota métodos adicionais de perda de peso, os quais incluem auto-indução de vômito, uso indevido de laxantes ou diuréticos e prática de exercícios intensos ou excessivos. As pessoas com este transtorno têm muito medo de ganhar peso ou ficar gordos e este medo geralmente não é aliviado pela perda de peso. Na verdade, a preocupação com o ganho ponderal freqüentemente aumenta à medida que o peso real diminui. A vivência e a importância do peso e da forma corporal, como dissemos, são distorcidas nesses pacientes. Alguns deles acham que têm um excesso de peso global, independentemente dos resultados contrários da balança. Outros percebem que estão magros, mas ainda assim se preocupam com o fato de certas partes de seu corpo, particularmente abdômen, nádegas e coxas, estarem "muito gordas". Na Anorexia Nervosa os pacientes podem empregar uma ampla variedade de técnicas para estimar seu peso, incluindo pesagens excessivas, medições obsessivas de partes do corpo e uso persistente de um espelho para a verificação das áreas percebidas como "gordas". A auto-estima dos pacientes com Anorexia Nervosa depende obsessivamente de sua forma e peso corporais. A perda de peso é vista como uma conquista notável e como um sinal de extraordinária disciplina pessoal, ao passo que o ganho de peso é percebido como um inaceitável fracasso do autocontrole. Embora alguns pacientes com este transtorno possam reconhecer que estão magros, eles tipicamente negam as sérias implicações de seu estado de desnutrição. As mulheres que já menstruam costumam apresentar supressão das menstruações (amenorréia) quando acometidas de Anorexia Nervosa. Isso ocorre devido aos níveis anormalmente baixos na secreção de estrógenos que, por sua vez, devem-se a uma redução da secreção de hormônio folículo-estimulante (FSH) e hormônio luteinizante (LH) pela pituitária. Essa ocorrência indica séria disfunção fisiológica na Anorexia Nervosa. A amenorréia em geral é uma conseqüência da perda de peso mas, em uma minoria de pacientes pode precedê-la. Em jovens pré-púberes, o aparecimento de menstruações (menarca) pode ser retardada pela doença. Normalmente o paciente é levado para tratamento por membros da família, após a ocorrência de uma acentuada perda de peso ou fracasso em fazer os ganhos de peso esperados. Quando o paciente busca auxílio por conta própria, geralmente é em razão do sofrimento subjetivo acerca das seqüelas físicas e psicológicas da inanição. Raramente um paciente com Anorexia Nervosa se queixa da perda de peso em si. Essas pessoas freqüentemente não possuem insight para o problema ou apresentam uma considerável negação quanto a este. Por isso, com freqüência se torna necessário obter informações a partir dos pais ou outras fontes externas, para determinar o grau de perda de peso e outros aspectos da doença. Um estranho comportamento em relação à comida pode ser exibido por alguns desses pacientes. Eles costumam esconder comidas pelos armários, banheiros, dentro de roupas ou podem preparar pratos extremamente elaborados para amigos ou familiares. Ou ainda, podem procurar empregos como garçonetes, cozinheiros ou simplesmente colecionar receitas e artigos sobre comida. A preocupação crescente com alimentos corre juntamente com a diminuição no consumo. Assim, intensifica o medo de ceder ao impulso de comer e aumentam as proibições contra ela. Padrões de pensamento pré-mórbidos assumem um novo significado, um estilo de raciocínio de tudo-ou-nada leva a conclusão de que um grama de peso ganho significa uma transição de normal para gordo. Causas Não se conhecem as causas fundamentais da Anorexia Nervosa. Há autores que evidenciam como causa a interação sociocultural mal adaptada, fatores biológicos, mecanismos psicológicos menos específicos e especial vulnerabilidade de personalidade. Aspectos biológicos incluem as alterações hormonais que ocorrem durante a puberdade e as disfunções de neurotransmissores cerebrais, tais como a dopamina, a serotonina, a noradrenalina e dos peptídeos opióides, sabidamente ligados à regulação normal do comportamento alimentar e manutenção do peso, além dos aspectos genéticos. Vários trabalhos apontam para uma predisposição genética no desenvolvimento da anorexia. Estudos demonstram uma taxa de concordância muito maior em gêmeos monozigóticos em comparação com gêmeos dizigóticos (56% contra 5%). Parentes de primeiro grau de pacientes com anorexia exibem um risco de aproximadamente 8 vezes maior de apresentar a doença do que a população geral. Os modelos de sistemas familiares procuram identificar determinados padrões de funcionamento familiar alterado, por exemplo, minimização de conflitos, envolvimentos da criança em tensões familiares, pais ausentes, mães que competem com as filhas, etc. Porém, estes fatores hoje são vistos mais como mantenedores do comportamento do que como causais. Em cerca de um terço dos pacientes com Bulimia Nervosa ocorre Abuso ou Dependência de Substâncias, particularmente envolvendo álcool e estimulantes. O uso de estimulantes freqüentemente começa na tentativa de controlar o apetite e o peso. É provável que 30 a 50% dos pacientes com Bulimia Nervosa também tenham características de personalidade que satisfaçam os critérios para um ou mais Transtornos da Personalidade (mais freqüentemente Transtorno da Personalidade Borderline). Evidências preliminares sugerem que os pacientes com Bulimia Nervosa, Tipo Purgativo, apresentam mais sintomas depressivos e maior preocupação com a forma e o peso do que os pacientes com Bulimia Nervosa, Tipo Sem Purgação. Tipos Os seguintes subtipos podem ser usados para a especificação da presença ou ausência de compulsões periódicas ou purgações regulares durante o episódio atual de Anorexia Nervosa. Tipo Restritivo. Neste tipo a perda de peso é conseguida principalmente através de dietas, jejuns ou exercícios excessivos. Durante o episódio atual, esses pacientes não se desenvolveram compulsões periódicas ou purgações. Tipo Compulsão Periódica/Purgativo. É quando o paciente se envolve regularmente em compulsões de comer seguidas de purgações durante o episódio atual de anorexia. A maioria dos pacientes com Anorexia Nervosa que comem compulsivamente também fazem purgações mediante vômitos auto-induzidos ou uso indevido de laxantes, diuréticos ou enemas. Alguns pacientes incluídos neste subtipo não comem de forma compulsiva, mas fazem purgações regularmente mesmo após o consumo de pequenas quantidades de alimentos. Aparentemente, a maior parte dos pacientes com o Tipo Compulsão Periódica/Purgativo dedica-se a esses comportamentos pelo menos 1 vez por semana. Comparados os dois grupos, os pacientes com Anorexia Nervosa, Tipo Restritivo, são menos graves e têm melhor prognóstico que aqueles com o Tipo Compulsão Periódica/Purgativo. Esses últimos estão mais propensos a ter outros problemas de controle dos impulsos, a abusarem de álcool ou outras drogas, a exibirem maior instabilidade do humor e a serem sexualmente ativos.. Transtornos Associados Quando seriamente abaixo do peso, muitos pacientes com Anorexia Nervosa manifestam sintomas depressivos, tais como humor deprimido, retraimento social, irritabilidade, insônia e interesse diminuído por sexo. Esses pacientes podem ter quadro clínico e sintomático que satisfaz os critérios para Transtorno Depressivo Maior. Muitos dos aspectos depressivos podem ser secundários às seqüelas fisiológicas e clínicas da desnutrição. Os sintomas de perturbação do humor devem, portanto, ser reavaliados após uma recuperação completa ou parcial do peso. Características Obsessivo-Compulsivas, tanto relacionadas quanto não relacionadas com comida, com freqüência são proeminentes. A maioria dos pacientes com Anorexia Nervosa preocupa-se excessivamente com alimentos, como dissemos acima. Observações de comportamentos associados com outras formas de restrição alimentar sugerem que as obsessões e compulsões relacionadas a alimentos podem ser causadas ou exacerbadas pela desnutrição. Quando os pacientes com Anorexia Nervosa apresentam obsessões e compulsões não relacionadas a alimentos, forma corporal ou peso, pode haver um diagnóstico conjunto e concomitante de Transtorno Obsessivo-Compulsivo. Outras características ocasionalmente associadas com a Anorexia Nervosa incluem preocupações acerca de comer em público, sentimento de inutilidade, uma forte necessidade de controlar o próprio ambiente, pensamento inflexível, espontaneidade social limitada e iniciativa e expressão emocional demasiadamente refreadas. Embora alguns pacientes com Anorexia Nervosa não apresentem anormalidades laboratoriais, a característica de semi-inanição deste transtorno pode afetar sistemas orgânicos importantes e produzir uma variedade de distúrbios. A indução de vômitos e o abuso de laxantes, diuréticos e enemas, por exemplo, podem causar diversos distúrbios. A desidratação pode ser refletida por um elevado nível de uréia sangüínea, a hipercolesterolemia é comum e os testes de função hepática podem estar alterados. Níveis alterados de várias substâncias fundamentais ao equilíbrio interno podem acontecer, como por exemplo, hipomagnesemia, hipozinquemia, hipofosfatemia e hiperamilasemia. A indução de vômitos pode provocar alcalose metabólica, elevado o bicarbonato sérico, hipocloremia e hipocalemia, e o abuso de laxantes pode causar acidose metabólica. Os níveis de hormônio tiroideano (tiroxina sérica ou T4) podem estar diminuídos, assim como pode haver aumento da cortisona plasmática (hiperadrenocorticismo) e a resposta anormal a uma variedade de provocações neuroendócrinas são comuns. Em mulheres, baixos níveis de estrógeno sérico estão presentes, enquanto os homens têm baixos níveis de testosterona. Existe uma regressão do eixo hipotalâmico-pituitário-gonadal em ambos os sexos, no sentido de que o padrão de secreção de hormônio luteinizante (LH) em 24 horas assemelha-se àquele normalmente visto em pacientes pré-púberes ou na puberdade. O eletrocardiograma das pessoas com Anorexia Nervosa pode estar também alterado. São observadas diminuição do ritmo cardíaco (bradicardia sinusal) e, algumas vezes, outras arritmias. O eletroencefalograma pode mostrar anormalidades difusas, refletindo uma encefalopatia metabólìca, conseqüente aos distúrbios hidroeletrolíticos. Os exames de imagem cerebral (tomografia) com freqüência podem mostrar um aumento na razão ventricular-cerebral. O exame físico desses pacientes pode mostrar amenorréia (supressão de menstruações), queixas de intestino preso (constipação), dor abdominal, intolerância ao frio e letargia. Também pode haver queda significativa na pressão arterial (hipotensão), hipotermia e pele seca. Alguns pacientes ficam com os pelos do tronco mais finos desenvolvem (lanugo). A maioria dos pacientes com Anorexia Nervosa apresenta pulso lento (bradicardia). A Anorexia Nervosa pode levar à morte em conseqüência das alterações orgânicas e metabólicas secundárias à desnutrição e desequilíbrio eletrolítico. Isso exige uma constante avaliação clínica e laboratorial. Sua evolução é variável, podendo ir de um episódio único com recuperação ponderal e psicológica completa, o que é mais raro, até evoluções crônicas com inúmeras internações e recaídas sucessivas. O índice de mortalidade em função direta da doença é estimado entre 6 e 10%. A grande maioria dos pacientes mantém alterações psicológicas ao longo de toda a vida, tais como dificuldades de adaptação conjugal, papel materno mal elaborado, adaptação profissional ruim e desenvolvimento de outros quadros psiquiátricos, notadamente a depressão. Características da Cultura, da Idade e do Sexo A Anorexia Nervosa parece ter uma prevalência bem maior em sociedades industrializadas, nas quais existe abundância de alimentos e onde, especialmente no tocante às mulheres, ser atraente está ligado à magreza. O transtorno é provavelmente mais comum nos Estados Unidos, Canadá, Austrália, Japão e África do Sul, mas poucos trabalhos examinaram a prevalência em outras culturas. Os pacientes que emigraram de culturas nas quais o transtorno é raro para culturas nas quais o transtorno é mais prevalente podem desenvolver Anorexia Nervosa, à medida que assimilam os ideais de elegância ligados à magreza. Fatores culturais também podem influenciar as manifestações do transtorno. Por exemplo, em algumas culturas, a percepção distorcida do corpo pode não ser proeminente, podendo a motivação expressada para a restrição alimentar ter um conteúdo diferente, como desconforto epigástrico ou antipatia por certos alimentos. A Anorexia Nervosa raramente inicia antes da puberdade, mas existem indícios de que a gravidade das perturbações mentais associadas pode ser maior nos pacientes pré-púberes que desenvolvem a doença. Entretanto, também há dados que sugerem que quando a doença se inicia durante os primeiros anos da adolescência (entre 13 e 18 anos de idade), ela pode estar associada com um melhor prognóstico. Mais de 90% dos casos de Anorexia Nervosa ocorrem em mulheres. Epidemiologia A taxa de prevalência de pacientes com anorexia é de 1% e, destes, cerca de 90% dos casos são em mulheres. A doença acomete mais freqüentemente classes sociais mais elevadas. A anorexia surge em 45% dos casos após dieta de emagrecimento; em 40% por ocasião de uma situação competitiva. Algumas profissões ligam esbelteza com realizações, e populações especiais (notavelmente bailarinas e modelos) demonstraram ter um risco incomumente alto para o desenvolvimento de transtornos alimentares. A incidência de Anorexia Nervosa tem aumentado nas últimas décadas. Curso A idade média para o início da Anorexia Nervosa é de 17 anos, com alguns dados sugerindo picos aos 14 e aos 18 anos. O início do transtorno raramente ocorre em mulheres com mais de 40 anos. O aparecimento da doença freqüentemente está associado com um acontecimento vital estressante, como sair de casa para cursar a universidade, casamento, rompimento conjugal, etc. O curso e evolução da Anorexia Nervosa são altamente variáveis. Alguns pacientes se recuperam completamente após um episódio isolado, alguns exibem um padrão flutuante de ganho de peso seguido de recaída e outros vivenciam um curso crônico e deteriorante ao longo de muitos anos. A hospitalização pode ser necessária para a restauração do peso e para a correção de desequilíbrios hidroeletrolíticos. Dos pacientes baixados em hospitais universitários, a mortalidade a longo prazo por Anorexia Nervosa é em torno de 10%. A morte ocorre, com maior freqüência, por inanição, suicídio ou desequilíbrio eletrolítico. Existe um risco aumentado de Anorexia Nervosa entre os parentes biológicos em primeiro grau de pacientes com o transtorno. Um risco maior de Transtornos do Humor, principalmente depressão, também foi constatado entre os parentes biológicos em primeiro grau de pacientes com Anorexia Nervosa. Meninas com nove anos já fazem dieta Uma investigação conduzida no Reino Unido revela que, aos nove anos, são já muitas as crianças que se preocupam com o seu aspecto físico. Os cientistas da Universidade de Leeds chegaram à conclusão que uma e cada cinco meninas com nove anos de idade fazem dieta porque, na escola, os colegas troçam do seu aspecto físico. O investigador principal do estudo, Andrew Hill, alerta para o risco que estas crianças correm de vir a desenvolver desordens alimentares durante a adolescência. Isto porque a forma encontrada pelas meninas para reduzir o peso passa, muitas vezes, por saltar refeições, evitar determinados tipos de comida e/ou comer menos durante o dia. Através do estudo, percebeu-se que existe um grupo etário específico que está a desenvolver uma preocupação exagerada em torno da imagem (Fonte: Cidade Médica Virtual). No recreio, as crianças mais gordas são alvo de troça dos colegas mas são vários os fatores contribuem para esta preocupação: a pressão do órgãos de comunicação social, dos pares e da própria família. Todos estes vetores, em conjunto, levam as crianças a acreditar que, realmente, «é esteticamente agradável ser magro». Os investigadores também perceberam que as meninas que são alvo de troça por parte dos seus colegas apresentam uma personalidade mais frágil e baixa auto-estima, mesmo quando não são, de fato, gordas. A psicóloga Denise Bellotto de Moraes, da disciplina de nutrição e metabolismo da Unifesp foi responsável por pesquisa que avaliou o comportamento de 316 adolescentes de dez a 19 anos de uma escola particular de SP. No levantamento, verificou-se que metade das 178 meninas estava insatisfeita com seus corpos, contra 30% dos meninos. Das garotas, 30% faziam dieta sem precisar. Para nutricionistas, fisiologistas e pediatras o resultado dessa obsessão com as dietas é preocupante e pode comprometer o desenvolvimento, podendo, inclusive ser o início de distúrbios alimentares graves, como a bulimia e a anorexia. O primeiro passo para uma alimentação saudável na adolescência é entender e aceitar as mudanças do corpo. Por exemplo; é normal que as meninas ganhem alguns quilos por volta dos dez anos, pois elas precisam de depósitos de gordura ( em média elas têm de ter de 18% a 20%) para a produção dos hormônios da puberdade e para se preparar para o fenômeno do "estirão", quando crescem rapidamente. Critérios Diagnósticos Anorexia Nervosa A. Recusa a manter o peso corporal em um nível igual ou acima do mínimo normal adequado à idade e à altura (por ex., perda de peso levando à manutenção do peso corporal abaixo de 85% do esperado; ou fracasso em ter o ganho de peso esperado durante o período de crescimento, levando a um peso corporal menor que 85% do esperado). B. Medo intenso de ganhar peso ou se tornar gordo mesmo com o peso abaixo do normal. C. Perturbação no modo de vivenciar o peso ou a forma do corpo, influência indevida do peso ou da forma do corpo sobre a auto-avaliação, ou negação do baixo peso corporal atual. D. Nas mulheres pós-menarca, amenorréia, isto é, ausência de pelo menos três ciclos menstruais consecutivos. (Considera-se que uma mulher tem amenorréia se seus períodos ocorrem apenas após a administração de hormônio, por ex., estrógeno.) Especificar tipo: Tipo Restritivo: durante o episódio atual de Anorexia Nervosa, o paciente não se envolveu regularmente em um comportamento de comer compulsivamente ou de purgação (isto é, auto-indução de vômitos ou uso indevido de laxantes, diuréticos ou enemas). Tipo Compulsão Periódica/Purgativo: durante o episódio atual de Anorexia Nervosa, o paciente envolveu-se regularmente em um comportamento de comer compulsivamente ou de purgação (isto é, auto-indução de vômito ou uso indevido de laxantes, diuréticos ou enemas). Tratamento Uma das primeiras dificuldades é a que diz respeito à aderir o paciente ao tratamento, pois, como imos, a negação da doença é muitas vezes parte integrante do quadro. As pacientes com anorexia nervosa em geral desconfiam dos médicos, os quais elas percebem como inimigos e interessados apenas em realimentá-las, em fazê-las perder a vontade de controlar seus pesos. Portanto, o médico deve encorajar hábitos alimentares normais e ganhos de peso sem que isto se torne o único foco do tratamento. Dependendo das condições clínicas da paciente, é necessário, muitas vezes em função de uma caquexia, proceder a internação da paciente para restabelecimento de sua saúde em ambiente hospitalar. A família deve ser orientada sobre a gravidade do problema, sobre falsas expectativas e de que a cura não será fácil. Se o tratamento é em regime de hospitalização procede-se à correçào hidroeletrolítica, dieta hipercalórica mesmo contra a vontade da paciente, correção de possíveis alterações metabólicas e início do tratamento psiquiátrico. Psicologicamente deve-se abordar o caso cognitivamente e/ou comportamentalmente, encorajando a adoção de atitudes mais sadias por parte da paciente, que é recompensada com elogios e diminuição de situações aversivas como restrição de sua mobilidade. A psicoterapia individual é indicada visando a modificação do comportamento, das crenças e dos esquemas falhos de pensamento. A psicofarmacoterapia é indispensável e, normalmente, se faz às custas de antidepressivos, notadamente com tricíclicos que tenham como efeito colateral também o estímulo do apetite e o ganho do peso, como é o caso da maprotilina, amitriptilina ou clomipramina. Havendo necessidade de sedação (quase sempre há), recomenda-se que seja feita com neurolépticos e, preferentemente, com aqueles que também aumentam o apetite, como é o caso da levomepromazina. Mesmo após a melhora é bom ter em mente que as recaídas são freqüentes. No caso da internação, a taxa de recidiva imediata é superior a 25%. Portanto o acompanhamento destas pacientes deve-se fazer por anos. Fonte: Ballone

Soren Aabye Kierkegaard

Pai da corrente filosófica do Existencialismo. A época em que viveu o filósofo dinamarquês Soren Aabye Kierkegaard foi, inicialmente, um período de grande crise política e militar sofrida por seu país, em conseqüência das guerras napoleônicas. Somente na idade madura do filósofo, a Dinamarca veio a sair do atraso econômico causado pelos conflitos. Graças a uma política liberal que aboliu o trabalho obrigatório do camponês para os nobres seus senhores (regime medieval de servidão), e aboliu a monarquia absolutista, o país foi, aos poucos, foi se transformando em país industrializado e não apenas agrícola. Uma juventude universitária liderada pelo estudante Martin Lehmann, exigiu essas reformas liberais, e uma geração de intelectuais jovens, entre eles Kierkegaard, motivou que os meados dos anos 1800 fossem também chamados "idade de ouro" da literatura dinamarquesa. Kierkegaard viveu a maior parte de sua vida no reinado de Frederico VI, porém o período mais produtivo de sua maturidade transcorreu sob os reinados sucessivos de Christian VIII e Frederico VII. Vida Infância Soren Aabye Kierkegaard nasceu em Copenhague, Dinamarca, a 5 de maio de 1813 e cresceu num ambiente de devoção religiosa luterana. Seus pais procediam da península da Jutlândia, a parte continental da Dinamarca. Michael Pedersen Kierkegaard, o pai de Soren, era um homem de vontade forte, argüidor e argumentativo, autodidata por meio de muitas leituras, e muito voltado para questões espirituais. De origem humilde, porém havia se tornado rico e influente em seu meio social. Sua casa era ponto de reunião de líderes religiosos e políticos do seu tempo. Pertencia à corrente religiosa dos pietistas de Herrnhuter. Sofria ataques periódicos de depressão porque, devido a uma blasfêmia proferida quando jovem, não acreditava na salvação de sua alma. A mãe de Kierkegaard, Anne, foi a segunda esposa de seu pai, o qual não tivera filhos da primeira mulher. Seu ingresso na casa foi como uma jovem empregada doméstica, que o pai de Kierkegaard engravidou antes de desposar, fato que contribuiu para aumentar ainda mais para ele o peso de suas culpas. Enquanto Kierkegaard escreveu muito em seus diários a respeito do pai, ele raramente escreveu sobre sua mãe. Ela morreu quando Kierkegaard tinha 21 anos. Formação A influência do pai sobre personalidade de Kierkegaard e sua obra tem sido sempre salientada. Ele foi o filho mais novo de sete irmãos. Quando nasceu, seu pai tinha 56 anos e sua mãe 45, razão de ele dizer que era um filho da velhice. Uma importante anotação que Kierkegaard fez em seu diário, quando tinha vinte e cinco anos, a respeito do que ele chamou "Grande terremoto", revela o quanto a influência de seu pai foi perturbadora, em sua vida. Refere-se ao abalo que sofreu ao compreender o que acontecera ao pai e as conseqüências do acontecido para toda a família. Quando jovem, seu pai fora ajudante de administrador de uma fazenda na Jutlândia. Revoltado com as privações de sua vida de camponês, subiu ao alto de uma colina e amaldiçoou solenemente a Deus. Logo depois um tio seu, negociante de artigos de lã em Copenhague, chamou-o para o negócio. A partir daí o pai havia prosperado como negociante de roupas, tornando-se um homem rico: dono de 5 casas na capital que milagrosamente escaparam do bombardeio da cidade pelos ingleses em 1807. Também salvou-se da recessão e falência do estado em 1813, ano do nascimento de Soren, porque investiu em títulos de seguro tudo que tinha em dinheiro. Foi tão bem sucedido que pode aposentar-se com apenas quarenta anos. Viveu confortavelmente até os 82 anos, quando faleceu. No entanto, em suas crises de melancolia, sentia que o favorecimento do seu sucesso e sua longevidade haviam sido uma ironia, e na verdade vingança de Deus. Cinco de seus filhos morreram prematuramente, incluindo sua primeira esposa, e estava certo de que os dois filhos restantes haveriam de morrer quando chegassem à idade da morte de Cristo. Como o pai, Soren Aabye sofria de persistente melancolia. Pesava sobre a família o temor das conseqüências do pecado do pai, e lhe pareceu que a morte de seus cinco irmãos era sinal de vingança divina, e que ele próprio haveria de morrer muito jovem. Um sinal desse temor foi o quanto Kierkegaard escreveu, prolificamente, no ano que antecedeu a marca de seus trinta e quatro anos de idade. Acreditava que a família estava amaldiçoada, e que seu pai haveria de ministrar os últimos sacramentos a todos os filhos. Tinha saúde precária e por isso fora rejeitado pelo exército como incapaz. Rompeu relações com o pai, vindo a reconciliar-se com ele só bem mais tarde, pouco antes de perde-lo em 1838. Desanimado, rejeitou a vida burguesa que o pai lhe havia preparado e que seu irmão mais velho, o pastor Peter, abraçou. Misturou-se aos jovens de seu tempo e entregou-se a uma vida dissipada. Ele porém não herdou apenas a melancolia do pai, seu sentimento de culpa e ansiedade, sua religiosidade pietista escrupulosa, mas herdou também seu talento para argumentação filosófica e uma imaginação criativa. Foi para a universidade de Copenhague estudar teologia, mas mudou para filosofia. Sofreu influência dos prof. Paul Martin Moller e Frederik Christian Sibbern: ambos detestavam filosofia sistemática e usavam romances de ficção para expor seus pensamentos filosóficos. Juntou-se aos intelectuais do romantismo, os quais buscavam viver intensamente seus sentimentos, em contraste com a superficialidade e rotina tediosa da vida burguesa. Porém, sofreu com os críticos literários que o ridicularizavam. Tudo isto confirmou os ensinamentos do pai, que giravam em torno dos sofrimentos de Cristo, de que a verdade (o próprio Cristo) se estabelece mediante sofrimentos, de que o mundo é governado por mentiras e injustiças. A mágoa lhe trouxe o grande desgosto pela humanidade de que estão impregnados quase todos os seus trabalhos. A morte do pai (1838) ensejou grande mudança no comportamento de Kierkegaard, a partir de então marcado por súbito amadurecimento. O velho deixou para os dois filhos sobreviventes, Soren Aabye e seu irmão mais velho, Peter, uma fortuna considerável, que permitiu ao filósofo passar o resto da vida escrevendo, sem qualquer preocupação financeira. Então ele retornou aos estudos de teologia na universidade de Copenhague e dois anos depois concluiu o mestrado. Maturidade Kierkegaard viveu solteiro e um dos grandes acontecimento de sua vida foi justamente romper um noivado, ao mesmo tempo que a grandeza de sua obra nasceu praticamente das racionalizações filosóficas e românticas formuladas por ele para justificar para si mesmo e para a sociedade sua renúncia. Ele conheceu em 1837, Regine Olsen (1822-1904), em casa de amigos que fora visitar. Ela pertencia a uma família abastada de Copenhague e tinha 14 anos, idade núbil para as moças daquela época, e Kierkegaard não tinha como rejeitá-la, face ao interesse que despertou na jovem. Viu-se levado ao noivado três anos depois, em 1840, um evento com grande repercussão devido à grande projeção social de sua família e da família de sua noiva. Quando não suportou mais a situação, Kierkegaard rompeu o noivado subitamente e embarcou para a Alemanha. Porém, procurou fazer que todos pensassem que ele fora rejeitado por Regina, a fim de que, segundo ele, a reputação da noiva nada sofresse. Ficou seis meses em Berlim. Em uma das referências que faz ao seu caso com Regine, diz: "Se eu houvesse explicado as coisas para ela, eu teria que lhe ensinar coisas horríveis, meu relacionamento com meu pai, sua melancolia (devido à maldição), a noite eterna que me cobre, meu desespero, luxúria, e excessos"...etc. Porém não muito depois Kierkegaard ficou sabendo que Regine estava noiva de Johan Frederik Schlegel (1817-1896), que tinha sido instrutor dela. De repente Kierkegaard viu que nada, com respeito à aquele caso, tinha a importância que ele pensava ter. Em 1854, um ano antes da morte de Kierkegaard, o casal mudou-se para as Índias Ocidentais Dinamarquesas onde Schlegel foi governador. O filósofo, quando morreu em 1855, estava já pobre. Mas o que lhe restava deixou para Regina. Em Berlim Kierkegaard assistiu as aulas de Friedrich Wilhelm Joseph Schelling (1775-1854). Ele maravilhou-se com os brilhantes ataques de Schelling ao hegelianismo então em moda. Obras Em suas obras, Kierkegaard lançou os fundamentos do existencialismo a corrente que depois receberia a contribuição de Heidegger e Sartre, e fez vasto uso de pseudônimos para uma finalidade muito especial: eles representam, não ele próprio, mas personagens com pontos de vista e atitudes próprias. Estabelece uma dialética entre esses personagens, ou seja, entre dois ou mais pseudônimos seus. Deste modo, um livro assinado com um pseudônimo responde a outro livro, assinado com outro pseudônimo. O Pseudônimo Johannes Climacus trata do dilema entre a dúvida e a fé. Vigilius Haufniensis ocupa-se dos aspectos psicológicos do pecado e da ansiedade. Johannes de Silentio e Constantin Constantius ocupam-se da ética, a partir dos aspectos envolvidos no relacionamento de Kierkegaard com Regine Olsen. Anti-Climacus é o cristão ideal, etc. O seu propósito não era o anonimato mas desvincular sua personalidade dos assuntos polêmicos de que tratava. Os escritos de Kierkegaard, consignados ao período de sua juventude (1834-1842) e depois impressos, incluem um artigo sobre a emancipação da mulher, outro sobre a liberdade de impressa escrito para a Liga dos Estudantes, e principalmente sua primeira obra publicada: "Dos papeis de alguém ainda vivo". Na relação a seguir, a tradução dos títulos para o português foi feita a partir das versões em inglês. São ainda obras desse período: Om Begrebet Ironi med stadigt Hensyn til Socrates ("O Conceito de ironia, com referência continua até Sócrates"), 1841. Foi sua tese e o assunto é, na primeira parte, a ironia de Sócrates - como aparece em Platão -, de Xenofonte e de Aristofanes, com uma parte sobre Hegel; e na segunda parte, a ironia em Fichte, von Schlegel, e outros. "Notas das aulas de Schelling em Berlim" (1841-42) que são anotações de diário sobre seus estudos na Alemanha, publicadas postumamente. "Confissão pública", 1842, que apareceu com seu próprio nome desautorizando boatos de que era o autor de artigos assinados com pseudônimos. Ele era de fato o autor, mas era essencial para a dialética autoral que queria criar, que se desvinculasse da autoria desses artigos. Enten-Eller. Et Livs-Fragment: Forste Deel, indeholdende A."s Papirer ("Ou.../ou: Um fragmento de vida: Primeira Parte, contendo os papeis de A") e Enten-Eller. Et Livs-Fragment: Anden Deel, indeholdende B."s Papirer, Breve til B, ("Ou.../ou: Um fragmento de vida: Segunda Parte, contendo os papeis de B, Cartas para B"), são de 1843. As duas partes da obra referem-se aos dois tipos de vida que Kierkegaard concebe: estética e ética. A primeira parte é uma coleção de trabalhos apresentando vários pontos de vista estéticos. A parte segunda é sobre o casamento como uma expressão do estágio ético. "Victor Eremita" é o editor das duas partes as quais, têm, cada uma, seu próprio autor. "A", o Jovem, é o autor da primeira parte, e "B", ou "Juís William", o autor da segunda parte. Kierkegaard tomou cuidados especiais para que o público não soubesse que era ele o autor, ao ponto de fazer os originais serem copiados por mãos diferentes, de modo que os empregados da gráfica não o identificassem pela caligrafia. Esmerando-se em extremo nessa farsa, publicou, uma semana após o lançamento do livro, um artigo seu no "A Pátria",com o pseudônimo "A. F." onde ele próprio indaga "Quem é o autor de Ou.../Ou...?" São também de 1843: "Uma palavra de Agradecimento ao Professor Heiberg", por Victor Eremita. Aquele era uma grande figura da literatura na Dinamarca; "Pequena Explicação", um pequeno artigo escrito também em referencia a pseudônimos por ele adotados, tal como "Quem é o autor de Ou.../Ou...?" e "Confissão Pública". Johannes Climacus, eller De omnibus dubitandum est. En Fortælling ("Johannes Climacus, ou de omnibus dubitandum est. Uma narrativa"), também de 1843, de publicação póstuma, é um trabalho filosófico em que "Johanes Climacus", na sua busca da verdade filosófica, duvida de tudo, explorando o modelo cartesiano e hegeliano. "Johannes Climacus" será também o autor de ("Fragmentos filosóficos") e a outra obra vinculada, ("Post-scriptum não científico conclusivo"). Este pseudônimo representa a autoria dos maiores trabalhos filosóficos de Kierkegaard. Em 1843 também inicia a série Atten Opbyggelige Taler ("Dezoito Discursos edificantes") que irá de 1843-45. Está dividido em três seções. A primeira contem o popular "Pureza do Coração é querer uma coisa"; a segunda é "O que aprendemos dos lírios do campo e das aves do céu"; a terceira é "O evangelho dos sofrimentos". Foi publicado por partes: Duas em 1843; três, em 1843; quatro, em 1843; duas, em 1844; Três, em 1844; Quatro, em 1844) Frygt og Bæven: Dialectisk Lyrik ("Temor e Tremor: um lírico dialético"), também de 1843. O pseudônimo é "Johannes de Silentio". Nesta obra Kierkegaard trata do seu rompimento com Regine na mesma perspectiva em que vê o sacrifício de Abraão e Isaac: obediência a um dever, mas que exige um ato não ético. Nesta perspectiva Kierkegaard aborda uma interessante questão: um julgamento moral pode ser suspenso em virtude de um poder maior. Ele exemplifica com o episódio em que Abraão recebe de Deus a ordem de matar Isaac. ("Temor e Tremor") (1843). O problema que ele coloca é se existem situações nas quais a ética pode ser suspensa por uma autoridade maior, Deus, que é a essência de tudo que é ético. Gjentagelsen: Et Forsog i den experimenterende Psychologi ("Repetição, uma especulação em psicologia experimental"). De 1843, é uma narrativa filosófica com considerações a respeito da impossibilidade do compromisso entre dois amantes, situação como a criada por ele próprio com sua noiva Regine Olsen. O pseudônimo é "Constantin Constantius", um poeta que escreve sobre o estágio ético, como um jovem amante que só pode amar sua amada depois deixá-la e somente "poeticamente". Philosophiske Smuler eller Smule Philosophi ("Fragmentos filosóficos, ou um fragmento de filosofia"), Johannes Climacus, é de 1844. Kierkegaard nesta obra inicia a abordagem de um tema que irá concluir em "O conceito de ansiedade". É uma tentativa de apresentar o cristianismo como deveria ser para que tenha algum sentido. Busca particularmente apresentar o cristianismo como uma forma de existência que pressupõe a vontade livre, sem a quaql tudo fica sem sentido. Begrebet angest. En simpel psychologisk-paapegende Overveielse i Retning af det dogmatiske Problem om Arvesynden ("Conceito de Angustia: uma simples deliberação psicologicamente orientadora a respeito do problema dogmático do pecado original"), de 1844, no qual Kierkegaard examina a doutrina cristã do pecado original e sua relação com a angústia e ansiedade. A liberdade causa ansiedade. Vigilius Haufniensis é o autor; Haufniensis significa "vigilante", no caso, da cidade de Copenhague, como se Kierkegaard se sentisse responsável pela guarda da sua cidade aparentemente sob todos os aspectos de seu bem estar. Forord. Morskabslæsning for enkelte Stænder efter Tid og Leilighed ("Prefácios: leitura leve para pessoas em vários estados de acordo com o tempo e a oportunidade"), Nicolaus Notabene, foi também publicado em 1844. Uma série de ensaios e críticas satíricas visando o sociedade literária de Copenhague, principalmente a figura de J. L. Heiberg. São oito prefácios referentes a oito trabalhos não existentes. "Nicolaus Notabene", um personagem pedante, é o autor. Tre Taler ved tænkte Leiligheder ("Três Discursos sobre ocasiões imaginárias"), de 1845. Este trabalho acompanhou o Stadier paa livets vei ("Estágios no caminho da vida"). Cada um dos três discursos representa os três estágios ou condições de existência: a estética, a ética e a religiosa: "Um confissão", "Um casamento", e "Ao lado de uma sepultura". Stadier paa Livets Vei. Studier af Forskjellige. Sammenbragte, befordrede til Trykken og udgivet af Hilarius Bogbinder ("Estágios no caminho da vida: estudos por várias pessoas, compilado, encaminhado à imprensa, e publicado por Hilarious Bookbinder") É um complemento a ("Ou.../Ou...") de 1845, e discute a mesma questão do estético e do ético, acrescentando porém o estágio religioso da existência. O editor é "Hilarius Bookbinder" A primeira parte, chamada "In Vino Veritas" ou "O banquete," é assinada por "William Afham" - Afham significa "por si mesmo" e está calcada no Symposium de Platão: trata dos mesmos assuntos -- amor, Eros, sexo, mulheres -- com um amargo sarcasmo e profundo desdém pelas mulheres em geral. "Frater Taciturnus" assina o texto do estágio religioso. "Uma explicação e um pouco mais", de 1845, pequeno artigo que, como "Uma pequena Explicação" e "Quem é o autor de Ou.../Ou..." é outra tentativa de Kierkegaard de guardar distância da autoria de seus trabalhos. En flygtig Bemærkning betræffende en Enkelthed i Don Juan ("Uma observação superficial sobre um detalhe em Don Giovanni"). É um artigo publicado no jornal A pátria em 1845 no qual volta ao assunto relativo à ópera Dom Giovanni de Mozart, tratado inicialmente no ("Ou.../Ou...").,. O autor é "A", que foi o autor de um artigo muito anterior ("Uma outra defesa das grandes habilidades da mulher"). Afsluttende Uvidenskabelig Efterskrift til de philosophiske Smuler. Mimisk-pathetisk-dialektisk Sammenskrift, Existentielt Indlæg ("Post-scriptum não científico conclusivo ao Fragmentos Filosóficos. Uma compilação Mímico-patético-dialética, uma contribuição existencial"), de 1846, faz a abordagem subjetiva do conhecimento. Kierkegaar novamente sustenta a necessidade de se aproximar da verdade subjetivamente, porém sem negar a verdade objetiva, apenas dizendo que a verdade objetiva somente pode ser conhecida e apossada subjetivamente. Como o título anuncia, é uma continuação ao "Fragmentos Filosóficos". Saiu assinado por Johannes Climacus. "A atividade de um esteticista viajante e como aconteceu de ele ainda pagar pelo jantar" é um artigo publicado npor Kierkegaard no Fædrelandet ("A Pátria"), em 1845; foi o primeiro de dois artigos atacando P. L. Moller e "O Corsário", que havia inescrupulosamente e negativamente criticado o "Estágios do caminho da vida" de Kierkegaard. Em fins de dezembro de 1845, no seu anuário de estética Gæa, 1846. Kierkegaard retaliou revelando que Moller escrevia secretamente para o Corsaren ("O Pirata"). Este era um semanário humorístico mal afamado, que satirizava pessoas de respeito, e era considerado desprezível, porém lido reservadamente por muita gente. Seu editor era Meïr Goldschmidt (1819-1887), bem mais novo que Kierkegaard, e que este considerava talentoso. A intenção de Kierkegaard com o seu artigo foi dupla: desacreditar Moller e afastar Goldschmidt do "O Pirata", porque acreditava que Goldschmidt era capaz de coisas de mais valor. O resultado foi péssimo para Kierkegaard, pois "O Pirata" se lançou em uma campanha para metê-lo no ridículo, caricaturando-o de vários modos, no que foi a maior comoção literária do século XIX na Dinamarca. Det dialektiske resultat af en literair Politi-Forretning ("Resultado dialético de uma ação policial literária"), Frater Taciturnus, de 1846, é o segundo de dois artigos que escreveu atacando O Pirata como jornal como corrupto e difusor de boatos. En literair Anmeldelse: To Tidsaldre, Novelle af forfatteren til En Hverdags-Historie udgiven af J. L. Heiberg, ("Duas épocas: a época da revolução e a época presente, uma revisão literária: ") de 1846 uma longa crítica do romance de Thomasine Christine Gyllembourg-Ehrensvärd, intitulado "Duas Épocas". A crítica deu margem a uma polêmica, devido a Kierkegaard achar que sua época era de reflexão, faltava paixão. Opbyggelige Taler i forskjellig ("Discursos edificantes em vários temas"), de 1847 Kjerlighedens Gjerninger. Nogle christelige Overveielser i Talers Form ("Escritos de Amor: Algumas deliberações cristãs sob a forma de Discursos"), de 1847. Longa abordagem do preceito cristão "amar o próximo como a si mesmo". Está claro que Kierkegaard estava se movendo na direção de uma ainda maior austeridade no se pensamento religioso, e nos trabalhos que ele agora produzia, particularmente Kjerlighedens gjerninger, retratava um cristianismo rígido e mais descompromissado que em qualquer de suas outras obras. Hr. Phister som Captain Scipio (i Syngestykket Ludovic): En erindring og for Erindringen ("O Sr. Phister como Capitão Scipio (na ópera cômica Ludovico): uma recordação e para recordar"), de 1848, comentário sobre a atuação do ator Joachim Ludvig Phister"s (1807-1896) como Capitão Scipio, que demonstra o interesse de Kierkegaard pelo teatro. "Procul" é o autor. Krisen og en Krise i en Skuespillerindes Liv ("A crise e uma crise na vida de uma atriz") de 1848, são especificamente a respeito da competência interpretativa da atriz Johanne Luise Pätges Heiberg (1812-1890), mulher de Johan Ludvig Heiberg, uma figura exponencial da literatura e da sociedade dinamarquesa. O pseudônimo utilizado por Kierkegaard é "Inter et Inter". Christelige Taler ("Discursos cristãos"), de 1848, neste Kierkegaard entende que seus pecados foram perdoados e esquecidos por Deus. Bogen om Adler, eller en Cyclus ethisk-religieuse ("O livro sobre Adler, ou um ciclo de ensaios ético-religiosos") por Afhandlinger, de 1846-47, revisado em 1848, foi publicado postumamente. Um pastor hegeliano radical, Adolf Adler afirmava ter tido uma visão em que Cristo ditara integralmente para ele um trabalho inteiro, porém confessa depois que sua revelação fora um erro, que ele pretendia que a obra fosse um trabalho de gênio. Kierkegaard explora as categorias de genialidade e inspiração. Tvende ethisk-religieuse Smaa ("Dois pequenos Ensaios Ético Religiosos") incluindo ("Tem o homem o direito de se deixar matar pela verdade?") e ("Diferença entre um gênio e um apóstolo"). Este trabalho, escrito 1847, foi publicado em 1849. Kierkegaard não publicou "O Livro sobre Adller" mas utilizou parte dele para tratar de martírio e as categorias de genio e inspiração nos dois artigos desse folheto, assinados com o pseudônimo Afhandlinger H. H.. Den Enkelte"; Tvende "Noter" betræffende min Forfatter ("O indivídual singular ":Duas "Notas" relativas ao meu trabalho como um autor"), Virksomhed, 1846-47, com post-scriptum de 1849 e 1855, publicado postumamente em 1859. Foi o primeiro de três trabalhos que Kierkegaard escreveu em 1848, a respeito de sua atividade autoral mas foi publicado postumamente em 1859 Synspunktet for min Forfatter-Virksomhed. En ligefrem Meddelelse, Rapport til Historien ("O ponto de vista para meu trabalho como um autor. Uma comunicação direta, notícia para a História"), foi outro desses três trabalhos de 1848, a respeito de sua atividade autoral, também publicado postumamente em 1859. Kierkegaard escreveu esse trabalho para explicar todo o seu método autoral, mas o deixou sem publicar porque lhe pareceu muito auto elogioso. Om min Forfatter-Virksomhed 1848-49 ("Sobre meu trabalho como um autor 1848-1849"), suplemento, 1850, publicado em 1851. Den væbnede Neutralitet eller Min Position som christelig Forfatter i Christenheden ("Neutralidade armada, ou minha posição como um autor cristão na cristandade"), 1848-49, publicado postumamente em 1880. Este pequeno trabalho é importante porque poderá ser a mais direta e clara afirmação da posição de Kierkegaard sobre a Igreja e a cristandade. Tem estilo diferente do utilizado nos panfletos contra a cristandade que apareceram ao final de sua vida. Lilien paa Marken og Fuglen under Himlen: Tre gudelige Taler ("Os lírios do campo e as aves no céu: três discursos devocionais"), 1849, são artigos que apareceram quase um ano depois de sua experiência religiosa de 1848 e tem o tom semelhante ao do "Discursos Cristãos". Sygdommen til doden. En christelig psychologisk Udvikling til Opbyggelse og Opvækkelse ("A doença para a morte: uma exposição psicológica cristã para edificar e alertar"), de 1849, livro que é peça associada ao "Conceito de Ansiedade" e também é um trabalho de psicologia, que vai mais longe que suas primeiras considerações psicológicas sobre a ansiedade. Neste Kierkegaard considera os aspectos espirituais da angústia. Considera a ansiedade relacionada ao que é ético, e a angústia ao que é religioso, ou seja, ao eterno. "Anti-Climacus" é o autor; com este pseudônimo Kirkegaard assinou seus mais importantes trabalhos na linha religiosa, personificando o cristão perfeito. "Anti-Climacus" é do mais alto nível enquanto "Climacus", ao contrário, personifica um cristão de menor valor. Tre Taler ved Altergangen om Fredagen ("Três Discursos sobre a comunhão às sextas-feiras"), 1849. Este trabalho contem: "O sumo sacerdote" "O publicano " e "A mulher apanhada em pecado", este último baseado em Lucas. São semelhantes aos "Discursos Cristãos". Estes trabalhos são acompanhados por uma breve explicação sobre o recurso a pseudônimos adotado anteriormente por Kierkegaard. Indovelse i Christendom ("Prática cristã"), Anti-Climacus, de 1850. Ele pretende mostrar meios pelos quais o verdadeiro cristianismo pode ser reintroduzido na Cristandade, pois esta afastou-se do cristianismo do Novo Testamento. O trabalho é polêmico e homiliético. Foi também um ataque dissimulado aos chefes da igreja dinamarquesa. En Opbyggelig Tale ("Um discurso edificante"), 1850 Foranlediget ved en Yttring af Dr. Rudelbach mig betræffende ("Carta aberta, provocada por uma referencia a mim feita pelo Dr. Rudelbach")1851, refere-se a uma proposta de reforma da Igreja feita por A. G. Rudelbach contra a qual Kierkegaard, apesar de desejar essa reforma, objeta que Rudelbach sugeria instrumentos políticos para a reforma, quando o necessário era uma demolição com reconstrução espiritual. To Taler ved Altergangen om Fredagen ("Dois discursos sobre a comunhão às sextas-feiras, escrito em 1849, publicado em 1851. Til Selvprovelse. Samtiden Anbefalet ("Para o exame de consciência: recomendado para a época presente") 1851, busca reorientar o leitor para Deus. É densa espiritualidade em todas as suas três partes: "O que é necessário para se olhar a si mesmo com verdadeira benção no espelho do mundo?", "Cristo é o caminho" e "É o espírito que dá a vida". Dommer Selv! Til Selvprovelse, Samtiden Anbefalet. Anden Række ("Julgue por si mesmo! Para o exame de consciência, recomendado para a época presente. Segunda série")1851, publicado postumamente em 1876. Está estreitamente vinculado ao "Para o exame de consciência", acima, e é sobre o sofrimento e imitação de Cristo. Vários artigos no "A Pátria" (um total de 21), publicados em 1854 e 1855, nos quais dirige pesados ataques à igreja oficial por ter erradicado o verdadeiro cristianismo, e por tê-lo substituído por uma religião do Estado. Dette skal siges; saa være det da sagt ("Isto precisa ser dito, logo, deixa que seja dito") Esse folheto de 1855 foi publicado depois da série de artigos saídos no "A Pátria". Nele Kierkegaard alega que a igreja é tão corrupta que é melhor não frequentá-la. Oieblikket ("O momento") editado no ano de 1855. Depois dos artigos publicados no "A Pátria" Kierkegaard publicou dez folhetos, cada um contendo vários artigos seus, todos continuando seu ataque à Igreja Oficial. Hvad Christus Dommer om officiel Christendom , ("O que Cristo pensa do Cristianismo oficial"), de 1855. Essse folheto foi publicado logo depois que Kierkegaard começou a publicar o Oieblikket ("O Momento"). Kierkegaard ataca outra vez a igreja oficial chamando os clérigos de livre pensadores e perjuros por não cumprirem seus votos sagrados. Guds Uforanderlighed. En Tale ("A imutabilidade de Deus: Um discurso") Publicado em 1855, em meio a seu ataque à Igreja. Além dessas obras, Kierkegaard deixou cartas e documentos, alguns reunidos depois em obras póstumas, e na publicação em vários volumes Soren Kierkegaards Papirer (Papeis de Kierkegaard), primeira parte, os datados de 1834-47, e segunda parte, de 1848-55, restando milhares de notas de interesse religioso, pessoal ou histórico, a serem ainda aproveitadas. Últimos anos Após a querela com os hegelianos, Kierkegaard torna-se um reformador religioso. Por volta de 1854 Kierkegaard estava convencido de que Deus o autorizava a atacar asperamente a igreja dinamarquesa e seu clero, o que ele começou logo a fazer com uma série de pequenos livros e panfletos e até com um periódico chamado "O Momento", de cujos números ele foi o único colaborador. Em 21 artigos no "A Pátria", em 1854 e 1855 ele faz um duro ataque à igreja oficial, como já referido, por ter erradicado o verdadeiro cristianismo, e por tê-lo substituído por uma religião do Estado. Intolerante com a hipocrisia, critica os que fingiam espiritualidade enquanto agiam segundo interesses mundanos. Considerava tais pessoas um produto da cultura cristã: o indivíduo cauteloso, respeitável, imperturbável, um cavalheiro da classe média. E sentiu-se chamado por Deus para a tarefa especial de mostrar aos seus concidadãos a verdadeira natureza do Cristianismo. A igreja da Dinamarca era estatal e a religião luterana a religião oficial do Estado. Bastava nascer no país para ser automaticamente cristão. Kierkegard alegava que isto reduzia a nada a possibilidade de uma verdadeira conversão radical a Cristo. O cristianismo deve ter por fundamento a vontade livre, sem a qual tudo perde o sentido. O pastor local, um verdadeiro funcionário público, representava a Coroa e por isso, além da prática de suas funções especificamente religiosas, também era quem coleta impostos, realizava os recenseamentos, fazia o recrutamento militar, mantinha os registros civis nos livros da igreja, supervisionava as escolas, e cuidava da assistência aos pobres, e era o presidente do Conselho Municipal, além de cuidar de seus próprios interesses, muitas vezes a maior fazenda das vizinhanças. As questões políticas e os rancores misturavam-se facilmente com os assuntos religiosos, gerando escândalos. Atacou o Bispo Jacob Pier Myster, um prelado culto e secularizado, por juntar o hedonismo de Goete com os sofrimentos de Cristo. Não chegou a criticá-lo abertamente, pois o bispo era seu amigo e havia sido o orientador espiritual de seu pai. Porém, com a morte de Myster em 1854, atacou publicamente o bispo que o sucedeu, Hans Lassen Martensen (1808-84), um hegeliano, pregador na corte, o qual Kierkegaard não respeitava. Morte As tensões daqueles dois anos da sua campanha afetaram sua saúde. Em outubro de 1855 Kierkegaard caiu inconsciente na rua, e ficou com paralisia das pernas. Levado ao Hospital, era visitado ali diariamente pelo amigo Pastor Boesen, tendo proibido a entrada de seu irmão Peter, do qual divergia pelas razões mesmas da sua campanha. Não quis receber a comunhão, para não recebê-la das mãos de um pastor da Igreja Luterana que ele disse devia ser abandonada, uma vez que Deus estava sendo desrespeitado em suas igrejas. Após internado 40 dias, veio a falecer Seu enterro foi acompanhado por uma multidão engrossada por estudantes que fizeram a guarda de seu corpo. O Pastor Peter, seu irmão, fez a oração fúnebre na "Frue Kirke", a mais importante igreja de Copenhague, e que logo cedo ficou lotada. Muitos protestaram por ter o corpo sido trazido à Igreja, por acharem que a igreja nacional não devia se imiscuir, em respeito à oposição que lhe havia feito o filósofo. Filosofia Ante hegelianismo Segundo Kierkegaard, diante da vida há várias opções possíveis, o que é, portanto, incompatível com a malha lógica em que, segundo Hegel, caem todos os fatos e também as ações humanas. Aquele pensador alemão postulava, muito ao modo aristotélico, que a história do universo obedece a uma lógica absoluta, e o homem não tem liberdade porque ele está já, previamente, preso nessa malha lógica da História. Em outras palavras, Hegel não deixa espaço para a liberdade e a fé, por causa da lógica dialética do absoluto racional, um sistema que rege todas as coisas e de cujo determinismo o homem não pode escapar. No citado "Post-scriptum", com o pseudônimo de Johannes Climacus (1846), Kierkegaard sustentou que uma sistematização lógica para a existência era impossível, uma vez que a existência é incompleta e está evoluindo constantemente. Isto implicaria um erro, que seria a tentativa de introduzir mobilidade na Lógica. A verdade Se não há lógica na existência, mas a existência é verdadeira, então a verdade também não tem lógica. Esta é a questão que Kierkegard aborda em "Post-scriptum não científico". Assim, para ele, não encontramos a verdade como uma coisa objetiva e lógica, destacada de nós, mas através de nosso modo único e peculiar de apreender as coisas que é nossa paixão: a verdade é encontrada através da subjetividade. Quanto maior o ardor com que se acredita, mais verdadeiro é o objeto do conhecimento. Isto evidentemente equivale a fazer da verdade a expressão da fé. É ao colocar maior ou menor fé em algo, que construímos nossa verdade. A verdade, para Kierkegaard, não é uma "coisa", mas uma afirmação em relação ao mundo, uma posição de vida. Quando ele diz "a verdade é subjetividade", isto é somente enquanto o sujeito traz tanta paixão junto com seu pensamento que a síntese será um fato verdadeiro. Aquilo que é incerteza, sustentado com o mais apaixonado empenho, torna-se verdade, a mais alta verdade existente para alguém. Assim, o que é subjetivo é verdade, enquanto a coisa objetiva, ao contrário, é incerta. Então, o que é esta paixão que move o indivíduo? Paixão Em "Post-scriptum não científico" o filósofo diz que a paixão é uma qualidade de lutar para chegar a ser, é o processo de vir a ser. A paixão é o motivo afirmativo do desenvolvimento, a vontade de se submeter e portanto de sofrer as mudanças do vir a ser. Essas mudanças são um sofrimento, são temporárias, e o ideal buscado é imaginado como perfeito e completo. Mas a pessoa ao buscar realizar os ideais apaixonadamente sustentados encontra ainda mais acentuada a condição limitada e finita da existência humana. Fé e Paradoxos Uma vez que as verdades essenciais estão fora do nosso alcance na medida que não podemos delas nos aproximar objetivamente, elas aparecem para nós sob a forma de paradoxos. O paradoxo é uma tensão entre afirmações, entre, pelo menos, dois focos. Por exemplo, em termos de paradoxo religioso, podemos citar a doutrina cristã de ser Jesus inteiramente divino e inteiramente humano. Ninguém pode entender como tal coisa seja possível. No entanto, não há aí contradição evidente, de modo que essa afirmação pudesse ser logicamente falsa. Uma contradição lógica coloca duas premissas opostas mutuamente excludentes, tal como "Pedro é um homem e não é um homem", na qual a palavra "homem" tem o mesmo significado nos dois lados do enunciado. Qualquer tentativa de solucionar o paradoxo será uma tentativa, ou de objetivar o que não pode ser conhecido objetivamente, - porque estamos no processo de "vir a ser" -, ou de dispensar o papel da fé como tolice o que, novamente, implica que acreditamos poder conhecer alguma coisa de modo absoluto, como se tratássemos de fora do sistema ( ou do universo) - como se de uma posição objetiva. Fenomenologia Não podemos conhecer de modo absoluto, pois Kierkegaard enfatiza, como vimos, a verdade subjetiva sobre a verdade objetiva, isto é, o que existe é, segundo ele, "a verdade que é verdadeira para mim". Quando dizemos que nosso pensamento corresponde à coisa que pensamos, estamos no mínimo inconscientes da mediação dos sentidos que é necessária ao conhecimento do objeto, mediação que é incompleta ou de algum modo prejudicada. Em outras palavras, quando identificamos o pensamento com o ser a ele correspondente, estamos nos enganando. Portanto, Kierkegaard conclui que quando alegamos conhecer uma coisa, só podemos dizer isto como um ato de fé. Este é precisamente o fundamento da fenomenologia de Husserl para quem nós só podemos conhecer objetos ideais, não as coisas em si. Então, o sistema lógico de Hegel torna-se impossível. Existencialismo Ao pensador objetivo, Kierkegaard opõe o indivíduo único, subjetivo. A verdade repousa na subjetividade, e, assim como a verdade, a verdadeira existência é alcançada por meio da intensidade dos sentimentos. Sem paixão não há movimento para o pensador. Existir, em contraste com simplesmente ser, envolve um relacionamento infinito consigo mesmo e uma ligação apaixonada com a vida. Nós não encontramos a verdade por via de uma "objetividade" destacada mas através de um profundo engajamento com o mundo. Assim, por simplesmente aprender as coisas "objetivamente", nos esquecemos o que é existir. O indivíduo realmente existente (a) está em uma relação infinita consigo mesmo e tem um interesse infinito em si e no seu destino; (b) Sempre sente a si mesmo em um "vir a ser", com uma tarefa diante de si; e (3) Está apaixonado, inspirado com um pensamento apaixonado. Ele chama a isto "paixão de liberdade". Com este pensamento Kierkegaard abre as portas do Existencialismo. Liberdade Soren Aabye Kierkegaard é considerado o pai do existencialismo. Ele lançou as bases do movimento existencialista, embora o termo "existencialismo" não estivesse então em uso. Em "O Conceito de Angústia" (1844). Fala do pecado enquanto supõe o livre-arbítrio (a angústia de que trata é a da livre escolha entre as possibilidades, que se tornou a idéia básica do futuro movimento. Se a verdade é subjetiva, decorre daí uma liberdade ilimitada. Kierkegaard não só rejeitou o determinismo lógico de Hegel (tudo está logicamente predeterminado para acontecer) como também sustentou a importância suprema do indivíduo e das suas escolhas lógicas ou ilógicas. Qualquer forma de absoluto (E aí está um ataque a Hegel) que não seja a liberdade, será necessariamente restritiva da liberdade. Qualquer forma de absoluto que não seja a liberdade, contraria a liberdade. Para Kierkegaard é mesmo impossível que a liberdade possa ser provada filosoficamente, porque qualquer prova implicaria uma necessidade lógica, o que é o oposto de liberdade. O pensamento fundamental de Kierkegaard, e que veio a se constituir em linha mestra do Existencialismo, é a falta de um projeto básico para a existência do homem, venha de onde vier. Qualquer projeto para o homem representaria uma limitação à sua liberdade, e afirma que esta liberdade é, portanto, incompatível com a malha lógica em que, segundo Hegel, caem todos os fatos e também as ações humanas e, mais ainda, que a liberdade gera no homem profunda insegurança, medo e angústia. Não existe uma essência definidora do homem; nenhum projeto básico. Esse pensamento de Kierkegaard foi mais tarde traduzido por Sartre na frase "no homem, a existência precede a essência". Sua crença na necessidade de que cada indivíduo faça uma escolha consciente e responsável tornou-se outro pilar do movimento existencialista. O individualismo existencialista é sua ênfase principal. Com efeito, dos temas do existencialismo contemporâneo, a maior parte já está nos escritos de Kierkegaard. Angústia Kierkegaard sentiu a necessidade de ampliar para a esfera da psicologia suas idéias a respeito da filosofia da liberdade. O resultado foi o conceito de angústia e o conceito de desespero, se podemos realmente diferenciá-los em sua obra, pois aparentemente, nas traduções inglesas, acham-se baralhados. Em "O conceito de angústia", disse que a liberdade gera no homem profunda insegurança, medo e angústia. Ele focaliza a angústia, como medo do indefinido do desconhecido, diferente do medo e do terror diante do perigo conhecido, o medo e terror que deriva de uma ameaça objetiva (por exemplo, um animal, um assaltante, etc.). Esta é talvez a primeira obra escrita de psicologia existencial, - descobre um sentimento que não tem objeto definido, claro. A liberdade presume possibilidades, e as possibilidades criam a angústia, seja porque estão escassas, ou, no outro extremo, porque existe um número muito grande de opções. Um colapso pode ocorrer tanto por muitas quanto por poucas possibilidades abertas ao indivíduo. Por isso torna-se um verdadeiro problema de vida descobrir quais são os verdadeiros dons e talentos de uma pessoa. Em "Risco e incerteza" diz que cada decisão é um risco. A pessoa sente a si mesma rodeada e plena de incertezas. No entanto, ela decide. Existem possibilidades reais, - reconhece -, e qualquer filosofia que as negue é opressiva, sufocante. A angustia e o pavor diante da liberdade em relação às possibilidades, o que ele considera uma doença do espírito, têm três origens: Uma é a materialidade, a inconsciência de que se é tanto um ser espiritual quanto físico. Falta de espiritualidade: Estar inconsciente de que se tem um Eu - de que se é um ser espiritual e não meramente um ser físico ou físico-mental. Falhar em compreender que se é capaz de reflexão, que se é uma síntese. Outra origem é a consciência do Eu interior, quando o homem tem consciência do seu Eu, mas não o aceita, e desespera-se por ser esse Eu, por ser de um certo modo, sem conseguir modificar-se. Gostaria de ser César, por exemplo.. O Eu quer escapar do Eu que ele sabe que é. Parece que o indivíduo se desespera com respeito a alguma coisa. Mas é apenas aparência. Na verdade desespera com respeito a si mesmo e por isso quer se livrar de si próprio. Quanto tem um slogam ambicioso "Ou César ou nada" e não consegue chegar a ser César, ele se desespera por isso. Mas isto também significa outra coisa: precisamente porque ele não conseguiu ser César, ele agora não consegue tolerar a si mesmo, ser ele mesmo. Consequentemente ele não se desespera porque não chegou a ser César mas se desespera sobre si mesmo pelo fato de não haver conseguido ser César. Consequentemente, desesperar-se sobre alguma coisa não é propriamente o desespero: este é desesperar-se de si mesmo porque não chegou a ser César. Desesperar alguém sobre si mesmo, em desespero de desejar livrar-se alguém de si mesmo - esta é a formula de todo desespero. A terceira origem é o desespero do desafio, da provocação, da rebeldia, da oposição: consciente do eu interior e desejando afirmar esse Eu, o homem se desespera pelas suas limitações. Não reconhece a relatividade e a dependência última do Eu humano perante Deus. Encapsulamento ou má fé Passar da ignorância confortável para a autoconsciência leva ao pavor, ou ansiedade. Perguntando que estilo e estratégia uma pessoa usa para evitar a ansiedade, Kierkegaard pergunta como essa pessoa está escravizada por suas mentiras sobre ela mesma e para ela mesma. Uma forma de fuga é ignorar o próprio eu, tornar-se um autômato, apegar-se a um papel. O caráter é uma estrutura construída para evitar a percepção do terror da perdição e da aniquilação que todos nós enfrentamos. Em "A doença para a morte", Kierkegaard nos lembra que nossa maior dificuldade não é porque temos um Eu e não ficamos leais a ele, mas que freqüentemente nós nem ao menos achamos em nos mesmos um Eu autêntico que mereça tal lealdade. Podemos perder o Eu e voltá-lo para atividades exteriores como uma camuflagem de seu vazio interior. Freud, um grande leitor de Nietzsche, que por sua vez apoiou-se em Kierkegaard, com certeza tirou desse pensamento de Kierkegaard o que veio a rotular, na psicanálise, de "mecanismo de defesa" e "repressão". O homem automaticamente "cultural" está confinado pela cultura e é escravo dela, seduzido na trivialidade pela rotina confortável da vida social e das alternativas limitadas e seguridade opaca que ela lhe oferece. Tal pessoa ele chama filisteu. O filisteu teme a verdadeira liberdade, porque ela coloca em perigo a estrutura de negação que cerca sua rotina cultural, abrindo as possibilidades das quais ele quer distância. É o que freqüentemente caracteriza o filisteu burguês - membro da confortável classe média urbana, mais provavelmente do mundo dos negócios. Filisteus burgueses operam dentro de fronteiras de esperteza com a qual eles tentam acomodar "o possível". Cálculo, auto-proteção, onde métodos do tipo comercial são presumivelmente transferidos para a vida do espírito, com resultados fatais previsíveis. A pessoa materialista ignora que tem um Eu eterno. Criança Tem raízes também no pensamento de Kierkegaard o postulado da psicanálise existencial de que as mentiras do caráter são construídas pela a criança para ajustar-se a seus pais, ao seu mundo, além de aos seus próprios dilemas existenciais. Essas defesas do caráter tornam-se automáticas e inconscientes. Essas mentiras negam nossas possibilidades. Conduzem as pessoas a ter medo de pensar por si mesmas. Deixar a criança explorar o mundo e desenvolver seus próprios poderes dará a elas uma "sustentação interna", uma autoconfiança diante da experiência. Maturidade Saúde mental não é "ajustamento normal" ou "normalidade cultural". A pessoa realmente saudável é aquela que transcendeu a si mesma despindo-se das mentiras do nosso caráter, entendendo a verdade de nossa situação e quebrando nosso espírito fora de sua prisão condicionada. O amadurecimento requer ambos o reconhecimento da realidade de alguém, de seus verdadeiros dons e talentos e dos seus limites. Angústia e pecado O homem pode escapar da angústia pela fé. Kierkegaard insiste que o homem está em pecado e não pode compreender o bem porque não quer compreender, e precisa da revelação de Deus para mostrar que ele se acha em pecado. A ansiedade não é em si mesma um pecado, diz ele, pois é a reação natural da alma quando em face ao escancarado abismo da liberdade. Em "A doença para a morte" diz que, experimentando o pavor, alguém salta para o pecado mas, se o desafio do cristianismo é aceito, passa da culpa à fé. Assim o pavor é o prelúdio do pecado e não sua conseqüência, como poderia a princípio parecer. O homem pode escolher o pecado em sua fuga da angústia, e o pecado a certa altura, trará mais angústia. O próprio pecado traz ansiedade, um componente da ansiedade de liberdade. Sem a fé, a angústia leva ao desespero. O pavor é a ansiedade em face do eterno. Esta ansiedade pode levar o pecador de volta a Deus que o criou e lhe deu a liberdade, e assim a ansiedade pode ser salvadora pela fé. A angústia foi, então, o caminho para a fé. Ética Individualismo moral Kierkegaard aborda uma questão ética polêmica, ao indagar se um julgamento moral pode ser suspenso em virtude de um poder maior. Ele exemplifica com o episódio em que Abraão recebe de Deus a ordem de matar Isaac. Assim ele vê o sacrifício de Abraão e Isaac: obediência a um dever, no caso a obediência a uma ordem de Deus que é a essência de tudo que é ético, mas que exigia dele um ato não ético. Kierkegaard buscava justificar-se por haver rompido seu noivado, o que ele considerava um ato não ético, porém o fez por um motivo que considerava eticamente superior, sua dedicação a Deus. Dos três modos de vida que ele considerava possíveis, o modo de vida estético, o modo de vida ético e o modo de vida religioso, este último era superior aos demais. Modos No caminho da vida há várias direções, embora se coloquem em três categorias de escolha. Assim é que distingue três tipos de vida a escolher, três escolhas fundamentais do homem: a estética, a ética e a religiosa que não são três concepções teóricas do mundo, mas sim, três maneiras de viver. Inicialmente Kierkegaard apresenta apenas dois modos de vida, ou estágios, se tomados como etapas transientes. Modo de vida estético O esteticista vive no instante e não conhece outro fim da vida senão gozar o instante que passa. Infiel, quer sempre provar novidades, foge permanentemente ao tédio, recusa engajar-se, são os Don Juans ou o intelectual cético e diletante. Modo ético No modo de vida ético o homem encarna as regras universais do dever. Trabalhador consciencioso, marido e pai devotado, leva tudo a sério, é pouco flexível, prisioneiro de idéias acabadas, e se crê cidadão exemplar. Modo religioso No modo de vida religioso o homem não está submetido a regras gerais mas é um indivíduo diante de Deus. Sua relação com Deus não se traduz em conceitos e regras gerais, mas em inspiração fora do universo da razão. Abraão está pronto para sacrificar seu filho Isaac porque Deus o ordena, mas esta ordem não é justificada por nenhuma finalidade ética. Fonte: Moura EC, Ballone GJ.