quinta-feira, 15 de julho de 2010

Atraso Mental

Causas


O atraso mental é, na maioria dos casos, provocado por alterações genéticas ou cromossómicas e por problemas metabólicos ou lesões anatómicas ocorridas durante a gravidez, parto ou nos primeiros anos de vida, que acabam por afectar o desenvolvimento do sistema nervoso central.

Existem inúmeros problemas genéticos ou cromossómicos que podem, entre as suas manifestações, provocar um atraso mental. Entre os mais frequentes, destacam-se a síndrome de Down (trissomia 21 ou, na terminologia mais popular, "mongolismon) e as síndromes de Klinefelter e de Turner, embora existam inúmeras anomalias genéticas que podem ter esta repercussão específica.

Noutros casos, o problema pode ser provocado por problemas orgânicos, independentemente de serem infecciosos (rubéola, toxoplasmose, sífilis), tóxicos (alcoolismo, toxicomania) ou traumáticos, que afectam a mãe ao longo da gravidez. Para além disso, qualquer problema que provoque um aporte insuficiente de oxigénio ao feto também pode provocar um atraso mental congénito. Por vezes, a deficiência mental é provocada por problemas ou sequelas de doenças que afectam o sistema nervoso central nas primeiras fases da vida, como traumatismos, meningite, encefalite ou grave desnutrição.

Por fim, o meio em que o paciente vive, nomeadamente uma evidente falta de estímulo ou de afecto nos primeiros anos de vida, também pode provocar um certo grau de atraso mental.

Tipos e manifestações

De acordo com o quociente de inteligência (QI) do indivíduo, o atraso mental pode ser classificado em cinco tipos: limite, ligeiro, moderado, grave e profundo.

O atraso mental limite ou borderline (QI de 68 a 80), apesar de inicialmente poder passar despercebido, tende a manifestar-se através de problemas na linguagem e na escrita, os quais acabam por desenvolver um determinado insucesso escolar.

O atraso mental ligeiro (QI de 52 a 67) pode ser provocado por factores do tipo psicossocial, evidenciando-se ao longo dos primeiros anos de vida, durante os quais é possível observar dificuldades de índole psicomotora e intelectual (por exemplo, na locomoção, linguagem ou capacidade de concentração). As crianças afectadas por esta forma de atraso mental, normalmente, não conseguem atingir um quociente de inteligência equivalente ao de uma criança de 11 anos, tendo um fraco rendimento numa escola normal, necessitando por isso de um ensino especializado.

O atraso mental moderado (QI de 36 a 51), normalmente provocado por lesões no sistema nervoso central, evidencia-se por dificuldades na locomoção, dicção, capacidade de concentração e compreensão, na aprendizagem e na memória. As crianças com atraso mental moderado, regra geral, apresentam uma expressão que demonstra a falta de controlo adequado da musculatura facial, o que leva a criança a adoptar, inúmeras vezes, posições corporais atípicas. Para além disso, como o seu estado de humor é instável, costumam ser muito inquietas e manifestam tendência para rir e chorar facilmente. Estas crianças necessitam de uma educação especializada para aprenderem a comer, a vestirem-se e a limparem-se, alcançando o seu máximo desenvolvimento intelectual entre os 10 e os 12 anos de idade, apesar de terem um QI equivalente ao de uma criança entre os 5 e os 8 anos.

O atraso mental grave (QI de 20 a 35) é sempre provocado por alterações genéticas ou lesões orgânicas e evidencia-se pelo aspecto físico do recém-nascido ou pelas dificuldades da criança em se manter de cabeça erguida, permanecer sentada e caminhar nos primeiros meses de vida. É igualmente comum que estas crianças realizem gestos repetidos com as mãos, dedos ou cabeça ou que permaneçam imóveis durante longos períodos. Apesar de tudo, a criança com atraso mental conserva a capacidade de reagir instintivamente perante uma ameaça física e pode aprender, com o estímulo adequado, a reconhecer o seu nome e o das pessoas que a rodeiam, a utilizar os talheres, a vestir-se, a limpar-se e a controlar as necessidades fisiológicas. No entanto, precisa de ser constantemente acompanhada por uma pessoa responsável e o topo do seu desenvolvimento intelectual, atingido entre os 8 e os 10 anos de idade, raramente supera o Qi médio de uma criança de 5 anos.

O atraso mental profundo (QI inferior a 20), sempre provocado por lesões neurológicas muito graves, manifesta-se logo após o nascimento, pois o bebé não reage com normalidade aos estímulos. Estes bebés encontram-se num estado praticamente vegetativo, necessitam de acompanhamento constante e não chegam a superar o quociente de inteligência de uma criança de 3 anos de idade.

A prevenção do atraso mental passa, essencialmente, pela conveniente pesquisa de informação sobre o tema por parte do casal, ao consultarem um médico ou centros especializados em planeamento familiar antes de terem um filho. Para além disso, se os membros do casal tiverem laços de consanguinidade, se houver antecedentes de atraso mental e se a mãe tiver mais de 35 anos, esta consulta é especificamente obrigatória.


Uma outra medida essencial para a prevenção é o diagnóstico pré-natal, que consiste na realização de uma série de exames ao longo da gravidez - como a ecografia e a análise do líquido amniótico -, que permitem detectar anomalias que possam levar ao desenvolvimento de um atraso mental. Quando um casal é informado de que existe realmente o risco de o feto poder apresentar um atraso mental, há a possibilidade de se optar pela interrupção voluntária da gravidez ou, então, consciencializar-se para o nascimento de um bebé com deficiência mental.

Por outro lado, a vacinação contra a rubéola e as medidas higiénicas recomendadas e praticadas rotineiramente ao longo da gravidez e do parto também constituem medidas de prevenção fundamentais.

Denomina-se de quociente de inteligência (QI) a relação entre a capacidade intelectual de um indivíduo e a que lhe corresponderia segundo a sua idade. Este quociente é obtido com a ajuda de uma série de exames psicométricos especificamente elaborados para este fim. Quando um indivíduo possui uma capacidade intelectual que corresponde à média da sua idade, o seu quociente de inteligência é de 100. A maioria das pessoas tem um quociente de inteligência que oscila entre os 80 e os 130. Caso o quociente seja superior, considera-se que o indivíduo tem capacidades intelectuais ao nível de um sobredotado. Pelo contrário, caso seja inferior, entende-se que o indivíduo apresenta um atraso mental.

O tratamento do atraso mental necessita da participação dos familiares, médicos, psicólogos e professores. Uma das principais medidas consiste em ajudar a criança a obter o máximo desenvolvimento intelectual possível a partir das suas capacidades ilesas. Nos casos ligeiros ou moderados recomenda-se a integração da criança no ensino normal, enquanto que nos casos mais graves é necessário o acompanhamento em centros especializados. É também essencial que as crianças com atraso mental recebam uma estimulação adequada - quanto mais cedo, melhor - para que aprendam a relacionar-se, a efectuarem sozinhos tarefas quotidianas básicas (como controlarem as necessidades fisiológicas, limparem-se, vestirem-se e comerem sozinhas), a conhecerem e controlarem as suas capacidades psicomotoras e a praticarem actividades que fortaleçam a sua perícia manual e que lhes facilite a sua integração socioprofissional na idade adulta.




Fonte: medipedia.pt

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