quarta-feira, 15 de julho de 2009
Quando a sinceridade diminui
* AL-GHAZZALLI
Conta-se que entre os israelitas havia um homem santo considerado por seu ascetismo. Ouviu dizer que algumas pessoas adoravam uma árvore. Pegou um machado e foi cortá-la.
O diabo encontrou-o no caminho e disse:
- “Por que se preocupa com a adoração realizada por outros? Deixe-os fazer o que gostam. Quem é você para interferir nisto?”.
Ele respondeu:
- “Este meu ato também é uma adoração”.
O diabo disse:
- “Não deixarei que você a corte”.
Eles lutaram e o diabo perdeu.
Pediu então ao homem que o deixasse dizendo-lhe que lhe revelaria um segredo. Solto, o diabo contou ao homem santo que o Senhor não havia criado nele nenhuma obrigação de cortar a árvore, além disso, se uma pessoa peca em sua adoração, as conseqüências deste cairão sobre ela. Mais ainda há muitos profetas do Senhor no mundo e ele poderia dirigir qualquer um deles para ir até os possuidores e ordenar-lhes que a cortassem. Não cabia ao homem santo realizar um ato que não era seu dever.
Mas o homem insistiu em cortá-la. O diabo resistiu, e, em duelo, novamente perdeu para o homem santo. Mais uma vez persuadiu-o a libertá-lo, dizendo-lhe que lhe revelaria um segredo ainda mais valioso. Então, ao ficar livre, o diabo começou:
- “Ouvi dizer que você é muito pobre e vive da caridade de outros. Tal é a sua natureza boa que você sempre faz votos de que, se tivesse dinheiro o distribuiria entre os necessitados e os pobres, mas você não quer mendigar com este propósito. Decidi então deixar toda manhã sob seu travesseiro algumas moedas com as quais você poderá facilmente alimentar sua família e ainda bancar o samaritano. Você verá que as caridades serão mais benéficas para você do que derrubar a árvore. E mesmo que você derrube a árvore, eles podem plantar outra no local. Seu esforço será inútil e sua família não ganhará nada com isso”.
Ouvindo isto, o homem piedoso pensou que o diabo estava certo, ainda mais que ele não era profeta com encargo de Deus de cortar a árvore, não era seu dever obrigatório faze-lo e nem havia nenhuma razão para que Deus se zangasse com ele se não a derrubasse. Então ele voltou para casa. Pela manhã, quando acordou encontrou moedas sob seu travesseiro. Gastou-as consigo mesmo e em caridades. Isto continuou por alguns dias. Então o diabo parou com seus presentes e, ressentido, o homem levantou-se e partiu para cortar a árvore.
No caminho, o diabo disfarçado de homem velho, encontrou-o e sabendo que ele estava indo cortar a árvore, disse-lhe que ele não tinha forças para fazê-lo agora e que seria um mentiroso se orgulhasse de poder derrubar a árvore. Isto irritou o homem piedoso e ambos começaram a lutar.
Desta vez o diabo (disfarçado de homem velho) derrotou-o e queria cortar seu pescoço quando o homem implorou pela vida.
O diabo desculpou-o com a condição de que prometesse no futuro nunca cortar a árvore. Então ele perguntou ao diabo “como ele pôde dominá-lo desta vez depois de ter perdido as duas anteriores”.
O diabo respondeu que no início ele estava lutando por Deus e sua intenção era colher benefícios na eternidade, mas agora ele era um escravo de seu eu carnal. E por uma causa mundana. Então ele perdeu”.
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