* Dainir Feguri(1)
Relacionamento Interpessoal no Trabalho
Quando o assunto é treinar e para que? Surgem atitudes que parecem inexplicáveis, mas que faz sentido quando se compreende tais motivos. A principio toda tentativa de oferecer treinamento aos colaboradores são percebidas como uma atitude negativa visto a utilização dos mecanismos de defesa “resistência” e “negação”, demonstrado na expressão corporal e verbal que surgem no grupo.
Qualificando o foco da atividade proposta apenas no prazer e não no trabalho outros mecanismos de defesa surgem como a 'projeção' manifesta na forma de críticas destrutivas, pensamentos disfuncionais como protesto e descontentamento com seus pares. Por trás do ato apresenta relações de conflitos cristalizados.
O que leva ao questionamento “porque o individuo institucionalizado apresenta estes comportamentos”? Denominado também como auto-sabotagem no trabalho.
Fazer uma reflexão sobre esta auto-sabotagem na metáfora, a pergunta é:
"Tarzan tem uma meta a atingir que está além do rio, portanto ele terá que atravessá-lo. Mas, o rio está cheio de crocodilo e inevitavelmente ele entrará em luta corporal com alguns. Você torce pelo crocodilo ou para o Tarzan?
É comum alguém dizer que torce pelo crocodilo, pois o habitat é dele e Tarzan o invadiu. Mas quando se explica que Tarzan é a empresa ou instituição que te empregou e que o crocodilo é o fracasso desta, inevitavelmente tende a pensar em DESEMPREGO. Torcendo por crocodilos estaremos buscando a nossa própria derrota, desempregados não teremos qualidade de vida e nem auto-estima.
Resumidamente a definição de auto-sabotagem nas relações interpessoais seria:
Condutas auto-destrutivas, uma equação subconsciente: o chefe é um dos pais e o colega é um irmão.
São questões mal resolvidas dentro da família biológica que acabam sendo levadas para o local de trabalho.
E este local se torna o pátio de uma escola.
É comum ver como as rivalidades, picuinhas, fofocas, panelinhas, condutas e comportamentos que observamos nos pátios da escola para a vida profissional adulta.
Sabotar publicamente no trabalho, serve como uma lente de aumento para questões pessoais.
A pergunta é:
Qual a origem desta auto-sabotagem?
O que acontece quando o super-bebê é criticado?
Ao reagir a um aborrecimento acaba recorrendo a uma forma de conduta que só serve para prejudicá-lo.
Essas condutas são perdas de tempo e um desperdício de potencial.
Quando um grupo se encontra e discute negócios, propostas, tarefas; quando não existem desavenças entre pessoas, quando não há conflitos ou quando todos se dão bem; quando um grupo toma decisões baseadas na técnica democrática da votação; Esses elementos não constituem uma equipe.
Trabalhar em harmonia, votar e reunir-se para discutir questões comuns pode ocorrer sem ser um trabalho em equipe.
Um grupo torna-se equipe quando têm objetivos e metas comuns, quando é administrado e dirigido por uma ou mais pessoas, quando todos os membros são interdependentes e quando atingir os objetivos exige colaboração.
Uma equipe usa as habilidades, as competências e os recursos de todos os seus membros, planeja suas atividades, é sistêmica em seu processo decisório e de resolução de problemas e empenha-se para chegar à produtividade máxima.
Uma equipe torna-se uma organização coesa ao envolver seus membros no planejamento e na tomada de decisões. Todos os membros sentem-se responsáveis pelo sucesso da equipe. Enxergam-se como parte integrante da organização.
Não há auto-afirmação que apontam para a diferenciação de situações em relação a contratação e ocupação de cargos.
Todos os membros da equipe empenham-se para manter relações de cooperação por meio do estabelecimento de objetivos mútuos compartilhados, comunicação aberta de reconhecimento e apoio recíprocos.
Quando a equipe ganha, cada um é vencedor.
Equipes eficazes usam o conflito para garantir que as questões vêm à tona, são exploradas e tratadas.
Questões e opiniões podem estar em conflito; membros da equipe não.
Quando isto acontece deixa de ser o que se sugere e passa a ser problemas no campo pessoal.
Na área do desenvolvimento humano, um conceito muito valorizado atualmente é a resiliência (a capacidade de superar adversidades sem se despedaçar).
A pessoa resiliente enfrenta crises, sofre perdas, encara fracassos e continua firme, não desiste de seus objetivos.
Há situações na vida que são imprevisíveis e a qualquer momento podemos enfrentar situações críticas, turbulências, mudanças que inviabilizam nossos projetos, até mesmo uma dispensa do cargo no trabalho.
Garantir-se é preciso, tendo o preparo necessário para enfrentar as situações inesperadas.
A chave para o sucesso do trabalho de equipe é a constatação de conflitos cristalizados pela institucionalização do individuo e propor o desenvolvimento da resiliência para o enfrentamento das interpretações equivocadas que ocorrem nas experiências relacionais e estressantes da vida.
Revoltar-se contra situações, encará-las com pessimismo ou reclamar - que é a atitude de muitas pessoas - não leva a nada.
Mas, quando se consideram as crises e dificuldades como fato natural da vida, que nos proporcionam oportunidades de crescimento, é possível enfrentá-las com algum equilíbrio e consciência. A qualidade da resiliência começa na interpretação das dificuldades como desafios e oportuniza levar a energia para superá-los, não para lamentá-los.
Tira-se proveito para desenvolver novas competências e se fortalecer. Ao assumir essa postura e repeti-la ao longo do tempo, possibilita estruturar a autoconfiança.
Então compreenderá que resiliência não é um "poder especial" que algumas pessoas têm, mas, simplesmente, uma atitude perante a vida.
Afinal o trabalho de equipe, acaba por ser uma oportunidade de conviver mais perto dos colegas e também de aprender com eles.
Alguns podem pensar que sendo como é impossível mudar.
Porém, já dizia um autor desconhecido esta frase:
“A natureza humana não existe, o que existe é a natureza animal e o potencial humano de não se render a ela”.
[1] Psicóloga do Programa Escola com Saúde – com atuação na Regional Oeste.
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