Quando nos sentimos zangados, nem sempre é fácil parar para pensar na razão da nossa zanga; mais difícil ainda não a carregar connosco durante o dia e lançá-la em cima das pessoas de quem mais gostamos; por vezes basta um pequeno comentário ou contratempo para elevarmos a voz ou dizermos coisas que mais tarde nos arrependemos.
Mais complicado é gerir discussões frente a crianças. É a pensar nelas que deixamos aqui algumas sugestões para gerir os conflitos conjugais, de modo a que as afectem o menos possível.
Não utilize as crianças como armas: é frequente que, quando as pessoas estão magoadas, queiram magoar o cônjuge. Por vezes utilizam a relação com os filhos para causar esse efeito; o afastar as crianças dos pais é prejudicial para todos, pais e filhos. O envolvimento das crianças nas disputas conjugais pode fazer com que elas de algum modo se sintam responsáveis.
- Separe os papéis de pais dos papéis de cônjuge; evite referir-se ao cônjuge em termos críticos ou culpabilizantes. Explique aos seus filhos que as desavenças entre os pais não estão relacionadas com eles.
Não deixe que as crianças se metam no meio: é normal que as crianças queiram intervir quando vêem que os pais estão zangados. A confusão na família assusta as crianças e faz com que queiram participar, acalmando o ambiente.
- Explique-lhes que não têm a responsabilidade de resolver os conflitos entre os pais, que são os adultos que têm de fazer isso; as discussões podem ser desagradáveis, mas os adultos precisam de resolver os seus problemas. Nunca lhes peça para «levar recados» ou «guardar segredos».
Aborde os conflitos conjugais de modo a que as crianças compreendam: apesar dos pais se sentirem demasiado cansados ou tristes com os conflitos, a verdade é que as crianças se apercebem do que se passa e necessitam de ajuda para enfrentar as suas emoções.
- Quando se sentir calmo, arranje algum tempo para falar com as suas crianças sobre o que se passa; incentive-as a falar sobre o que sentem e o que as preocupa. Seja qual for o medo que elas tenham, transmita-lhes que apesar do que se está a passar, que elas não têm culpa nenhuma do que se está a passar, que é normal que se sintam tristes e que os pais vão sempre gostar e tomar conta delas.
Mantenha-se atento aos pequenos detalhes do dia-a-dia das suas crianças: preste atenção aos acontecimentos diários das crianças; elas podem ficar ansiosas com as mudanças, por mais pequenas que nos pareçam. As crianças precisam que os pais mantenham uma grande proximidade emocional e necessitam dessa proximidade especialmente nas alturas de crise na família.
Informe os seus filhos quando os conflitos acabam: é um grande alívio para as crianças quando percebem que os conflitos entre os pais terminaram.
E sim, sabemos que é mais fácil falar do que agir, mas se conseguirmos colocar em prática algumas destas técnicas, vão certamente melhorar as relações em casa.
Contem-nos as vossas experiências, dificuldades e sucesso e nós tentaremos ajudar.
MANUAL DA CRIANÇA
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