segunda-feira, 15 de julho de 2013

Os espíritos fugitivos da Serra do Tombador


* Dainir Feguri

Por volta da década de 1950 na região do Rio Manso uma família por sobrenome Braga, descendentes de escravos foi atacada por seis meses por algo sobrenatural, por um grupo especificamente. Sofriam todos os tipos de abusos e agressões, mas não enxergavam as supostas pessoas que compunham este grupo.

Disseram que eram moradores da Serra do Tombador (lugar este entre município de Diamantino com Nobres – na região centro oeste/MT) e que tinham escapados do chefe deles. 

Chegaram à margem do rio manso e ficaram aguardando, porque não podiam atravessar por água, quando aportou uma balsa que comumente fazia a travessia da população local. O dono da balsa aguardou algum tempo e vendo que não havia ninguém por ali resolveu voltar à outra margem, mas se assustou ao ver que a balsa pesou e parecia que ia afundar. Sem entender nada resolveu atravessar assim mesmo. E este fato foi testemunhado por este senhor logo que correu noticia das malvadezas. 


Segundo relato de membros da família este grupo chegou fazendo zuada (muito barulho), conversando, dizendo que chegou para ensinar à família a ‘viver bem e criar filho’. Colocavam a família para rezar de joelhos, mas a oração era ao contrário das orações em comum.

Judiava com os membros mais velhos da família, o patriarca sofria mais. A ordem era não olhar para traz enquanto eram colocadas para fazer essas estranhas orações. Um rapaz da família teve a curiosidade de olhar e sem entender de onde saíram cachos de bananas maduras estavam lá e foi arremessado em seu rosto, por deboche ele comeu umas delas. 

Na casa dessa família não havia banheiro e a noite os homens costumavam a sair da casa para urinar. Quem se atrevia a sair tinha o pênis agarrado e era arrastado por algo invisível. Um dia o patriarca resolveu urinar através de uma brecha da parede achando que estava seguro, mas teve seu pênis agarrado e seu corpo era socado contra a parede. 

As crianças dormiam em redes e durante a noite elas eram enlambuzadas por fezes que não se sabiam de onde vinha. E quando a velha ia lavar as peças no rio, as cobertas e as redes lhe eram tomadas de suas mãos e lançadas nas águas. 

Durante o período que permaneceram nas terras dessa família criaram muita dificuldade e ninguém conseguia trabalhar, dormir, ou ter sua rotina normal, porque o tempo todo era massacrados; ficaram com marcas de mutilações e cicatrizes causados pelos machucados que ocorriam constantemente.
Faziam exigências de comer farofa. Devia ser colocada dentro de potes de barros e se ouvia muito ruído e logo o pote era arremessado ao chão que se despedaçava sem ter mais nada dentro.
Um dia a dona da casa resolveu colocar pimenta na farofa, eles não gostaram e lhe deram uma surra. 

Outra exigência era deixar vários potes de barros vazios porque eles gostavam de ficar dentro quando queriam.
Andaram pela região assustando pessoas e outras famílias e em particular havia uma família que eles disseram que não conseguiam chegar lá pelo seguinte motivo: “Eles rezam um cordãozinho cheio de nozinho” por isso não iam lá. Essa família era do patriarca Domingos Torquato, muito religioso que todos os dias colocavam os filhos para rezar o terço (rosário).

Certo dia um visitante que duvidava do fenômeno foi à fazenda dos Braga para ver se tudo aquilo era verdade. Então ficou por ali um dia inteiro e nada aconteceu, tudo no mais perfeito silencio. Sua esposa resolveu o chamar para irem embora, pois faria à travessia por canoa e não seria bom cruzar o rio a noite. Ele retrucou dizendo que não, que foi lá para ver o que acontecia e não estava satisfeito por ter esperado o dia inteiro. Quando de repente sem souber de onde surgiu uma pedra foi arremessada ao rosto próximo do ouvido que logo sangrou muito e inchou então ele achou jeito de sair logo dali. E foi tratar da ferida na casa da família Torquato.

Nesse grupo havia um que era chamado pelos demais pelo nome “Gabriel das araras” que segundo relato de moradores foi dono de escravos e muito malvado. E quando ainda vivo, as pessoas podiam ver cair de sua rede gotas de labaredas como se fosse azeite enquanto dormia.

Eles também transportavam objetos que eram produzidas por outras famílias para a casa dos Braga como: guaraná em bastão dentre outras coisas.

Um dia chegou ao terreiro da fazenda um som de cavalo, mas não se via nada, então ouviram a voz do cavaleiro muito bravo com os espíritos por terem fugido e explicou para o dono da casa que veio busca-los, e que não mais voltaria ali. Ouvia-se o bater de chicotes. E disse: “Vim recolher esse grupo de espíritos que fugiram enquanto fui buscar outra turma que havia escapado”. E se pode ouvir fortes chicotadas e seus gritos.

Até hoje os moradores mais antigos dessa região contam esse fato que muito assustou a todos.

*
Sobre a Serra

A Serra do Tombador tem por característica ocorrer fatos estranhos e muitos acidentes fatais a motoristas desavisados que trafegam por lá, por isso do nome tombador. Além de serem atraídos durante a noite por uma forte luz que se vê ao longe, mas ao se aproximar explode próximo ao para-brisa do motorista e depois retorna ao longe novamente ao longo da estrada. Quem se aventura a pernoitar próximo a usina do tombador pode escutar berros e gritos horripilantes que deixa qualquer um em desiquilíbrio.

Outro fato é que durante o tempo em que a Coluna Prestes passou por Mato Grosso por aquela região, muitas pessoas com medo tentaram se refugiar nas entranhas da serra e acabaram por cair nos despenhadeiros/abismos. No centro da serra tem vários caldeirões naturais e se podem encontrar muitos ossos humanos.

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