Por Dora Porto - da revista Ser Família - Ano III - Nº19
Há alguns anos, elas calçavam os sapatos de suas mães, para brincar de adultas. Agora vemos nossas filhas saindo para festinhas, não apenas "mal vestidas", mas vestidas como mini adultas, correspondendo aos modelos que a moda e a mídia lhes impõem. Isso é normal?
"Muito cedo, desde bebês, nossas meninas estão sendo super estimuladas, super sensualizadas e superexpostas." Quem faz essa afirmação é Maggie Hamilton, autora, editora, comentarista e grande observadora de tendências e modas, com mestrado em Literatura Inglesa, cujos trabalhos já foram publicados na Itália, Holanda e Arábia Saudita. Maggie realizou uma pesquisa, entrevistando um grande número de meninas e adolescentes para chegar a essa afirmação. Ela diz em seu livro " - O que está acontecendo com nossas garotas?", e todos somos obrigados a concordar, que "em poucas décadas quase todas as partes da vida das jovens foram transformadas, trazendo liberdades com as quais gerações anteriores só podiam sonhar."O que ela quer dizer com isso? Que em quase todos os aspectos da vida de nossas meninas houve uma mudança quase mais rápida que a velocidade da luz. O que uma menina, que agora tem 12 anos, vivenciou aos 7, é muito diferente do que vivencia uma garota com 7 anos atualmente. Por isso fica tão difícil compreender a vida das meninas de hoje. Mas ao lado dessas novas possibilidades é preciso apurar o que elas ganharam e o que perderam. Será que isso representa um crescimento?
Até há pouco tempo, elas brincavam com bonecas e panelinhas, e agora veem-se gastando grande parte de seu tempo na frente de DVD's, programas de TV, videogames, cujos enredos e temas enviam mensagens subliminares a todo tempo. Isso sem falar dos "advergames", jogos que têm a intenção de promover produtos para as pré-adolescentes, já que elas passam horas se divertindo com eles, o que não acontece com os comerciais de TV, que têm alguns segundos de duração.
A oportunidade de viver a infância com pureza e ingenuidade, características próprias da idade, é praticamente enterrada pelo esforço de transformá-las em "boas mini consumidoras". O que nos preocupa e deve preocupar a todos os pais é que não estamos cientes do quanto elas estão expostas aos marqueteiros na TV, revistas, shoppings, áreas de alimentação e quanto é fácil coletar informações para novas campanhas publicitárias. Resultado: nossas menininhas, ingenuamente, são estimuladas a comprar! E não são responsáveis só aqueles que fazem a publicidade, mas também as mães que estimulam a ida aos shoppings como forma de diversão, e os pais que se desentendem da sua educação.
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